Após sofrer com enfermidade do filho, integrante da seleção feminina de basquete de 1996, quer advogar para pessoas que precisam de tratamento no exterior
Claudia Maria Pastor, aos 47 anos, é aluna do terceiro ano de Direito do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL), campus Americana, é ex-jogadora de basquete profissional, vice-campeã olímpica, que usou muitos ensinamentos do esporte para enfrentar os desafios que surgiram em seu caminho – e eles não foram poucos.
Como atleta, Cláudia teve uma carreira curta, porém notória. Começou a jogar basquete em 1987, aos 16 anos. O auge da carreira como atleta viria em 1996, quando integrou a seleção feminina e conquistou a medalha de prata na Olimpíada de Atlanta. O fim da carreira veio precocemente, aos 26 anos, quando uma grave lesão no joelho a deixou impossibilitada de praticar qualquer tipo de esporte.
Alguns anos depois, seu filho nasceu com má formação congênita no hipotálamo (hematoma hipotalâmico), doença que provoca convulsões diárias.
“Não havia tratamento no Brasil, só em Paris”, relembra ela, que leiloou a medalha olímpica e participou de campanhas para ajudar a custear as despesas de duas viagens para a França. “Meu filho fez cirurgias no cérebro e está curado”, conta ela. “Percebi que muitas pessoas viviam a mesma situação, mas não tinham as mesmas oportunidades do que eu, então pensei como poderia ajudá-las”.
Essa pergunta começou a ser respondida na faculdade de Direito, um sonho antigo, conquistado desde 2017 no Centro Universitário Salesiano de São Paulo, unidade Americana. “Quero me desenvolver na área e batalhar para que Brasil assegure tratamento para todas as condições de saúde. Quando isso não for possível, como no caso do meu filho, o tratamento no exterior possa ser garantido e custeado pelo Estado. Minha grande missão é ajudar as crianças”, afirma ela.
Desde o primeiro dia na faculdade, a ex-atleta se comprometeu a fazer valer cada dia vivido no campus. “As pessoas não devem cursar a faculdade centradas apenas no ‘eu’. Procuro contribuir com a comunidade”, conta ela, que foi contemplada por um Projeto de Bolsa Científica e participa de um projeto de revitalização da Casa Dom Bosco, iniciativa do UNISAL, com espaço para acolher crianças e adolescentes afastados do convívio familiar. “Não quero perder nenhuma oportunidade que o Unisal me oferece, inclusive de lazer, pois a gente merece espairecer um pouco”, brinca.
Jogo das Estrelas
Cláudia retomou o contato com o basquete, sua paixão eterna na faculdade. Ela foi um dos 30 alunos selecionados para da Liga Nacional de Basquete, maior competição da modalidade no Brasil, que é patrocinada pelo UNISAL e neste ano ocorreu em Franca, de 6 a 9 de fevereiro.
Ela atuou como voluntária na organização do Jogo das Estrelas, o mais importante da competição. Lá, reencontrou Paulo Bassul, o técnico que a revelou como jogadora e que atualmente atua na Liga Nacional de Basquete. “Fiquei feliz. Ele fez um discurso contando minha história, que a maioria das pessoas não conhecia. Para mim, é sempre uma emoção pisar numa quadra e ver outras pessoas praticando o esporte que me projetou para o mundo e me ajudou a estar aqui”, conta.
Cláudia agora tem como meta ser uma bem-sucedida advogada. “Tenho 47 anos e estou cheia de planos. Não é porque estou em uma idade fora do padrão que me curvarei a isso. Comecei no basquete aos 16 anos, época considerada tardia, e isso não me impediu de ser atleta profissional. Sinto que estou vivendo o começo de muitas coisas novas, quero realizar minha missão de ajudar ao próximo e doar um pouco de mim para quem precisa”, finaliza.