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quinta-feira 14 novembro 2024
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Estudos de Hector Durville – Parte 3/3

• Ana Vargas
A Piedade do Magnetizador: Dentre as emoções analisadas está é a que mais choca, isso é cultural e, como disse antes, falta de analisar pontualmente a colocação dos autores. Culturalmente, por educação religiosa, a piedade é apresentada como virtude. Os magnetizadores não dizem que ela não seja, mas são categóricos em afirmar que, no exato momento em que se está magnetizando alguém, esse sentimento não é útil. Podemos tê-lo em qualquer outro momento, até mesmo como motivação genérica para trabalhar em prol dos outros no magnetismo. Mas quando nos colocamos diante do atendido para ajudá-lo, esse sentimento poderá trazer-nos complicações pessoais que acarretarão em insucesso da terapêutica magnética que depende da emissão e da qualidade dos fluidos do magnetizador. Recomendavam eles:
“Sem jamais apiedar-se da sorte dos seus doentes, ele deve ser sensível a tudo que lhes toca. Nos casos difíceis não deve economizar sua força, porque ele tem de saber que a natureza, sempre generosa, lhe restituirá além do que ele dá.” (Hector Durville, Teoria e Procedimentos do Magnetismo)
“O paciente não necessita da nossa piedade, mas da nossa força”. (Barão du Potet, Manual do Estudante Magnetizador)
É curioso que na antiguidade, em especial os gregos, não tinham a piedade como uma força capaz de impulsionar o progresso. Na mitologia, são frequentes os casos em que os personagens dos mitos precisam descer ao Hades para depois ressurgir com solução aos seus problemas, e nesse caminho encontram mil perigos e armadilhas e uma entidade mítica benfazeja a lembrá-los que não tenham piedade, pois se tiverem pararão sua própria jornada, enredando-se em problemas que não lhes pertencem.
Hoje, temos como piedade o sentimento de pena, dó, despertada pelo sofrimento alheio.
A piedade se manifesta como um misto de tristeza e amor; como um sentimento, por vezes, contraditório.
Essa emoção contraditória pode colocar-nos em determinada situação ora com estado emocional de impotência ora de onipotência. Ou seja, ou eu posso tudo, ou eu não posso nada, me incapacita. Isso provoca angústia, tensão, aflição pelo sofrimento alheio com ímpeto de resolvê-lo. Culpa e raiva.
Tal estado emocional conflitado, fatalmente leva o trabalhador, no caso, o magnetizador, a uma profunda fadiga, à desesperança. Irrita-se consigo, com o trabalho e com o atendido. E isso pode acontecer de forma inconsciente, sem que perceba que é o seu estado emocional diante daquele caso ou tipo de trabalho. Ele não tem perfil, é simples. “Não há forma de um profissional de saúde atender bem e empenharse para interromper a dor daquele que ele percebe como ameaça ao seu bem-estar, daquele que lhe causa sofrimento.” (Kennyston Costa Lago – doutor em psicologia do trabalho Universidade de Brasília)
Para encerrar essa abordagem, cito caso concreto em que no nosso grupo de trabalho, diante de um tratamento de doença crônica, de longo tempo, mais de oito anos de atendimento regular e contínuo, diante de momentos de agravamento da situação algumas magnetizadoras, tomadas de piedade pelo estado da criança, de forma consciente, declararam e pediram para afastar-se daquele atendimento, pois sentiam que não faziam o bem, nem para a criança, nem para si mesmas, que sofriam ao ver o sofrimento daquela paciente. Nenhum problema, isso é humano, qualquer um pode sentir, mas se pretende atuar como magnetizador tem que estar ciente de que esse estado emocional oscilante, determinará consequências negativas na qualidade e potência de sua emissão fluídica. Não é isso que desejamos, muito menos o que espera o atendido.
• Retirado do Jornal Vórtice ano VIII, nº2, julho-2015.