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quinta-feira 26 dezembro 2024
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Estudos críticos sobre a sociologia do negro no Brasil

Alguns intelectuais ligados aos movimentos negros, como o sociólogo Guerreiro Ramos no Problema do negro na sociologia brasileira (1954), criticavam publicamente tais interpretações como formas de exotização do negro brasileiro, visando sua subalternização. Por outro, as pesquisa sobre relações raciais dos anos 50, promovidas por três importantes ciclos de pesquisa, o Projeto Unesco (1953-56), o Projeto Columbia University/Estado da Bahia (1950-60) e a Escola Paulista (1955-72), buscavam seus referenciais em outras tendências teórico-metodológicas, mais voltadas para a crítica socioeconômica da condição étnica do negro, do que para o fator cultural em si.
Esta é a posição que se pode asseverar,por exemplo, dos trabalhos mais destacados destes ciclos de pesquisa como os clássicos A integração do negro na sociedade de classes (1964), O negro no mundo dos brancos (1972), Ambos de Florestan Fernandes, e O negro no Rio de Janeiro (1953), de Luiz A. Costa Pinto. Em tais livros, o “problema “ do negro, como objeto de pesquisa, não está focalizado por sua particularidade cultural, mas por sua subalternização, imposta pelo avanço da sociedade de classes no país.
Talvez exatamente por este redirecionamento teórico-metodológico na academia nacional, os principais estudos que voltaram a destacar o vínculo orgânico entre a questão étnica do negro brasileiro e os valores africanos, durante as décadas de 60 e de 70, foram os escritos dos autores estrangeiros: Roger Bastide e Pierre Verger. O primeiro, antropólogo e sociólogo, autor de livros como Estudos afro-brasileiros (1953), As religiões africanas no Brasil (1961), Candomblé da Bahia (1961) e As Américas negras (1974). O segundo , autor de obras como: Formação de uma sociedade brasileira no golfo do Benin no século XIX (1969), Ewé (1995),Lendas africanas dos orixás (1985) e Orixás (1981).