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sexta-feira 27 dezembro 2024
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Espiritismo e Liberdade de Agir

• Deidi Lucia Rocha
Quando falamos que o espiritismo é libertador, estamos falando do quê? O que nos vem à cabeça, quando falamos em liberdade? A questão 843 de O Livro dos Espíritos nos diz que somos livres para pensar e, portanto, livres para agir…
O livre arbítrio concedido ao Homem é, sem sombra de dúvida, a amorosa Justiça de um Pai infinitamente Bom, que deixa cada um de seus filhos ser responsável pelo seu próprio progresso, ou pelo seu retardamento.
Entretanto, vemos às vezes alguns espíritas explicando essa responsabilidade como se fosse um peso: não é!!!! É libertador justamente porque só depende de mim, de você, de cada um de nós estarmos ainda neste mundo, neste momento da evolução! Escolhemos estar aqui e agora, neste e não naquele outro País; nesta e não naquela outra família… sim, nós escolhemos! Resistimos em aceitar tal evidência porque dói!
Dói porque não gostamos de pensar que só estamos aqui, no Planeta de provas e expiações, porque ainda não fizemos o bastante para estarmos no de Regeneração! Dói, porque ainda que estejamos em franco progresso, não nos vemos como Espíritos vivendo aqui em missão… ainda!
Claro está que em algumas centenas ou milhares de encarnações, não tínhamos ainda a autonomia de escolher ou decidir sozinhos! Mas jamais nossa participação foi ou é anulada! De qualquer modo, cada Espírito trilha a fieira escolhida por ele, e apenas por ele! Boa ou ruim, consciente ou inconsciente, a escolha não é de um terceiro, já que não há arrastamento irresistível! Não é o que diz a questão 845? Quando se tem vontade de resistir, ninguém nos arrastará. E como gostamos de transferir responsabilidade para os irmãozinhos infelizes… não é?
Um passo inicial – e gigantesco para esse estágio na Terra – é saber que a minha evolução depende de mim, que não preciso esperar que ninguém dê por mim o passo que me leva aquele degrau acima! Da mesma forma que não podemos dar o passo pelo outro, por mais amado o Ser cada caminho é único, embora a mão estendida por quem está no degrau de cima seja a fotografia luminosa da caridade!
Talvez seja um peso para quem coloca no outro essa responsabilidade. Ou aquele que diz estar a humanidade perdida… como se dela não fizesse parte! Há quem desacredite da humanidade, julgando o conjunto pelas ações de alguns, noticiadas e alardeadas à exaustão pelas mídias e redes sociais, alimentando o medo e a falta de esperança, ante as dificuldades da vida cotidiana.
Ora, a humanidade sou eu, é você! E eu e você estamos cercados de pessoas como nós! Uma reflexão importante a fazer é: as atrocidades que nos angustiam, e que fartamente estão expostas em todos os meios de comunicação, fazem parte do nosso cotidiano? Esses irmãos que se equivocam – ainda – em erros atrozes e nas escolhas infelizes, são hoje o que certamente fomos ontem. Isso se já não estamos mais fazendo ou sequer pensando nas coisas terríveis que condenamos neles!
Essa humanidade à qual pertencemos neste momento, criada por um Deus de Amor, iguala a todos em sua origem, na condição de simples e ignorantes. E cada Espírito vem fazendo a sua parte, com mais ou menos esforço; com mais ou menos sucesso; com mais ou menos empenho. Se estar na matéria é prazeroso, não há pressa. E o Reino de Deus fica para outro momento…
Sobre essa escolha, a questão 846 merece ser analisada e a conclusão dela nos dá o alento necessário para que entendamos que o progresso na escala espiritual só depende de cada um.
846. Sobre os atos da vida nenhuma influência exerce o organismo? E, se essa influência existe, não será exercida com prejuízo do livre-arbítrio?
“É inegável que sobre o Espírito exerce influência a matéria, que pode embaraçar-lhe as manifestações. Daí vem que, nos mundos onde os corpos são menos materiais do que na Terra, as faculdades se desdobram mais livremente. Porém, o instrumento não dá a faculdade. Além disso, cumpre se distingam as faculdades morais das intelectuais. Tendo um homem o instinto do assassínio, seu próprio Espírito é, indubitavelmente, quem possui esse instinto e quem lho dá; não são seus órgãos que lho dão. Semelhante ao bruto, e ainda pior do que este, se torna aquele que nulifica o seu pensamento, para só se ocupar com a matéria, pois que não cuida mais de se premunir contra o mal. Nisto é que incorre em falta, porquanto assim procede por vontade sua. ” (Vede nos 367 e seguintes — “Influência do organismo”.)
O Espiritismo joga luzes sobre nossa condição de seres em constante formação e transformação, num Planeta afeito perfeitamente às nossas condições mais básicas. Usar o livre-arbítrio para nosso desenvolvimento individual implica também em compartilharmos o saber com o outro; implica em estendemos a mão para auxiliá-lo nas quedas, porque muitas vezes somos os que precisamos dessa ajuda. Isso é responsabilidade. Isso é livre-arbítrio. E está longe de ser um peso. É mais um dos presentes da bondade divina!