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segunda-feira 25 novembro 2024
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Espiritismo: a doutrina do amor

• Sérgio Lino
O Espiritismo nos convida a refletir sobre o assunto a partir do conceito de que amar de verdade é pensar no outro, no seu bem-estar. Não é um favor. Trata-se de algo indispensável de modo a sustentar nossa integridade como filhos de Deus, habilitando-nos ao equilíbrio e à paz onde estivermos.
Durante uma reunião em família, lamentava-se a brevidade da vida dos cães, pois, estes bem poderiam viver mais tempo. O membro mais novo, um menino de seis anos, atento, tudo ouvia, afirmando:
– Eu sei porque os cachorros vivem pouco…
Para surpresa de todos, explicou:
– Mamãe diz que pessoas nascem para aprenderem a ser boas, a amar todo mundo. Os cães já nascem sabendo como fazer isso, portanto não precisam viver tanto tempo…
Sábio garoto! A capacidade de amar incondicionalmente estabelece a diferença entre o cão e o homem. Se você fechar por horas um cachorro, no porta-malas de um carro, ao libertá-lo ele lhe fará festas, amigavelmente. Se fizer o mesmo com um homem, terás um inimigo feroz.
Sem dúvida, o objetivo primordial da existência humana, como ensina o menino, é aprendermos a exercitar aquela que é a lei maior do Universo – o amor, como ensinou Jesus ao proclamar ser o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos é o resumo de todas as leis divinas.
Jesus foi o mais elevado e ilustre Espírito vindo a este planeta, para nos dar o exemplo de como amar corretamente. Para começar, obedeceu ao Pai Criador, ao pai terrestre (José), deixou-se batizar por João Batista. A sua pregação evangélica dirigia-se contra o poderio romano, mas sem desobedecer à lei deste Estado. Um exemplo clássico é o daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Esta foi a resposta dada à pessoa ao lhe ser mostrada uma moeda, onde em uma das faces estava a figura de César.
Para professar suas convicções, mesmo nas condições mais adversas, jamais precisou desconsiderar ou injuriar nada, nem ninguém.
Mas nem tudo são flores. No dia a dia, nas divergências naturais entre os seres humanos, a culpa é sempre do outro, sem se levar em consideração a máxima: quando um não quer dois não brigam, e mais, se um dos dois se dispuser a cumprir o Evangelho, exercitando o amor que traz dentro de si, as arestas certamente serão superadas, favorecendo um relacionamento melhor.
Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, ensina-nos ser o amor o resumo da Doutrina de Jesus. Diz-nos: “no início o homem não tem senão instintos; mais elevado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado tem sentimentos; e o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas”.
Amor é a totalidade dos sentimentos e desejos estruturando o pensamento para a liberação de energia e de forças guiando a ação na produção do bem, possibilitando assim a aquisição de qualidades, constituintes do crescimento do Espírito.
Há uma frase de Santo Agostinho dizendo: “Ama, e faze o que queres”. Se calas, cala por amor; se falas, fala por amor; se corriges, corrige por amor; se perdoas, perdoa por amor. O amor deve estar no centro de todas as nossas ações. Qual o significado disto? Ao nos relacionarmos com o nosso próximo, devemos fazê-lo dentro de um clima de respeito e de auxílio mútuo, cooperando com tudo o que nos rodeia.
Mas, sem dúvidas, o maior exemplo de amor dedicado a outrem podendo ser citado, é o pedido de Jesus a Deus, quando caminhava para sua crucificação:
“Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem”. (Lc. 23,34)