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terça-feira 26 novembro 2024
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Espiritismo

• Astolfo O. de Oliveira Filho – Revista Virtual O Consolador
Qual, dos princípios básicos do Espiritismo, o mais importante?
Dos chamados princípios fundamentais do Espiritismo, três se destacam: o da existência de Deus como o Criador de tudo o que o homem não fez; o da existência dos Espíritos como criaturas suas, e o princípio da natureza espiritual da alma humana, que constitui a individualidade consciente, permanente e imperecível do homem. Tudo o mais que os Espíritos revelaram – a pluralidade dos mundos habitados, a encarnação e a reencarnação, a lei de causa e efeito, o princípio da necessidade das provações como meio de progresso e das cruciantes expiações – é decorrência natural dos três primeiros. Fulge, no entanto, exuberante e à frente de todos, o princípio da existência do Eterno Criador.
Kardec iniciou “O Livro dos Espíritos” com um capítulo inteiramente consagrado a Deus e às provas de sua existência. Em “A Gênese”, sua última obra, após explicar no capítulo I o caráter da revelação espírita, ele tratou novamente da existência de Deus, mostrando que ela constitui o mais importante princípio da Doutrina Espírita.
Na mesma obra, o codificador do Espiritismo examinou a opinião dos que opõem à tese da existência de Deus o pensamento de que as obras ditas da Natureza são produzidas por forças materiais que atuam mecanicamente, em virtude das leis de atração e repulsão, sob cujo império tudo ocorre, quer no reino inorgânico, quer nos reinos vegetal e animal, com uma regularidade mecânica que não acusa a ação de nenhuma inteligência livre. O homem – dizem tais opositores – movimenta o braço quando quer e como quer. Aquele, porém, que o movimentasse no mesmo sentido, desde o nascimento até à morte, seria um autômato. Ora, as forças orgânicas da Natureza são puramente automáticas. Tudo isso é verdade, redarguiu Kardec, mas essas forças são efeitos que hão de ter uma causa. São elas materiais e mecânicas, mas são postas em ação, distribuídas, apropriadas às necessidades de cada coisa por uma inteligência que não é a dos homens. A aplicação útil dessas forças é um efeito inteligente, que denota uma causa inteligente.
O Espiritismo nos dá uma ideia de Deus que está de conformidade com a mais perfeita e justa racionalidade. E nos convence da existência do Criador sem necessidade de recorrer a outras provas que não as que provêm da simples contemplação do Universo, onde Deus se revela por meio de leis sábias e de obras admiráveis que constituem um conjunto grandioso de tanta harmonia, e onde há perfeita adequação dos meios aos fins, que se torna impossível não ver por trás desse mecanismo a ação de uma Suprema Inteligência, como os Espíritos Superiores fizeram questão de dizer na resposta dada à pergunta de abertura de “O Livro dos Espíritos”: “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”.
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Sabemos que a moral adotada pelo Espiritismo é a mesma de Jesus. Se isso é verdade, que é que o Espiritismo acrescenta ao ensino cristão?
De fato, Kardec realmente afirmou na primeira de suas obras que “a moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, ou seja, fazer o bem e não fazer o mal” (“O Livro dos Espíritos”, Introdução, item VI).
O Espiritismo não criou, portanto, nenhuma moral nova, assunto que o Codificador do Espiritismo iria esclarecer mais de dez anos depois, conforme podemos ver no seu livro “A Gênese”, cap. 1, item 56: “A moral que os Espíritos ensinam é a do Cristo, pela razão de que não há outra melhor” (“A Gênese”, cap. 1, item 56).
O que a moral evangélica recebeu do Espiritismo – explica Kardec nesta última obra – é a sanção, a confirmação, a certeza de sua expansão em todo o mundo, para concretização da profecia proferida por Jesus no conhecido sermão profético, em que o Mestre afirmou: “Levantar-se-ão muitos falsos profetas que seduzirão a muitas pessoas; – e porque abundará a iniquidade, a caridade de muitos esfriará; – mas aquele que perseverar até ao fim será salvo. – E este Evangelho do reino será pregado em toda a Terra, para servir de testemunho a todas as nações. É então que o fim chegará” (Mateus, 24:11 a 14).
Como novidade estranha aos evangelhos, o ensino dos Espíritos acrescentou à doutrina cristã o conhecimento dos princípios que regem as relações entre os mortos e o vivos, princípios que completam as noções vagas que se tinham da alma, de seu passado e seu futuro, dando por sanção à doutrina de Jesus as próprias leis da natureza, visto que nenhum dos princípios espíritas é fruto de decisões conciliares.
A imortalidade, a reencarnação, a comunicação com os mortos, a lei de causa e efeito não são dogmas, mas fatos observáveis pelo experimentador paciente e que nós mesmos iremos um dia atestar, sem necessidade de que ninguém os apresente aos nossos olhos.