Texto inédito de Daniel Porto, com direção de Alexandre Lino, aborda a sexualidade entre os cegos, revelando suas descobertas e fetiches mais íntimos
Depois de dirigir quatro curtas e dois documentários de longa-metragem, o ator e diretor Alexandre Lino estreou na direção no teatro com grande repercussão. Escrita por Daniel Porto, a peça Volúpia da cegueira, contemplada pelo Programa Petrobras Distribuidora de Cultura, faz 3 únicas sessões, no Teatro Colinas. Em cena, as fantasias e tabus sexuais de quatro personagens cegos, num jogo afetivo onde imagem e som atuam em sintonia, leveza e poesia. Formado por Moira Braga, Felipe Rodrigues, Max Oliveira e Aléssio Abdon, o elenco traz dois atores que são de fato deficientes visuais, propondo uma inversão de papéis entre eles e o público.
O tema “sexo e cegueira” não é uma novidade para Lino, que já havia tratado sobre o assunto na montagem, Asilo Paraíso, baseada na história de seu tio com quem conviveu da infância a adolescência no interior de Pernambuco. “Estudos mostram que para a maioria das pessoas os cegos são seres praticamente assexuados. Eu nunca tive essa impressão, pelo contrário. Meu tio ficou cego aos 18 anos, no auge de sua descoberta sexual, e continuou sendo muito ativo mesmo depois de desenvolver a cegueira”, conta Lino. Mas a vontade de voltar à pauta veio depois de ler o livro de contos eróticos, Tripé do tripudio, de Glauco Mattoso, cego homossexual e masoquista assumido.
A partir daí, Lino começou a devorar livros e filmes sobre o tema e resolveu convidar o autor Daniel Porto – o mesmo de O Pastor, Acabou o Pó e Lady Christiny– para escrever a peça.
Foi assim que nasceu Volúpia da cegueira, uma experiência sensorial, que resgata da realidade o material essencial para sua dramaturgia, tentando desmitificar o que se passa na cabeça das pessoas em relação à intimidade dos que não enxergam com os olhos.
“Apesar de poética, a peça também tem um caráter documental forte, que está presente em todos os meus trabalhos. A ideia é tentar mostrar que quando estamos falando de sexo, pelo menos nesse campo, ser cego ou vidente não faz diferença”, explica o diretor.
O espetáculo dá sequência à linha investigativa da Documental Cia, que Alexandre Lino passa a nominar como coletivo para os seus projetos de “Teatro Documentário”, iniciado com Domésticas e seguido por O Pastor, Acabou o Pó, Nordestinos, Lady Christiny e O Porteiro. “Há um pacto de verdade nesses trabalhos onde a potência do real é explicitada sem acréscimos que comprometam o reconhecimento”, explica. Partindo desse princípio, Lino optou por ter no elenco atores videntes e cegos sem, no entanto, identificar quais têm a deficiência ou não. Além disso, no início da sessão, o público receberá vendas para os olhos, dando a chance para todos experimentarem a sensação da escuridão plena vivida pelos atores em cena.
Criado por Karlla De Luca (que também assina o figurino), o cenário tem como pano de fundo um telão com imagens de olhos em serigrafia pintados pelo artista plástico Alexandre Elias, que também assina a trilha sonora. As cores preta, cinza, vermelha e branca dão o tom contemporâneo do figurino, confeccionado em moldes soltos e fluidos, inspirados nos balés de Pina Bausch.
TRAJETÓRIA:
O projeto estreou no Rio no dia 7 de abril e ficou em temporada até 15 de maio de 2016 no Teatro Municipal Maria Clara Machado. Em 30 de maio apresentou-se no Teatro do IBC – Instituto Benjamin Constant. Em 20 de julho apresentou- se no Teatro SESI – RJ como espetáculo convidado para a Mostra X- Tudo/2016. E no dia 10 de dezembro de 2016 apresentou- se no ITAÚ CULTURAL – SP como espetáculo convidado na Mostra Entre Arte e Acesso.
ALEXANDRE LINO – diretor
Alexandre Lino é ator, produtor e diretor teatral. Um dos nomes de maior empreendedorismo do atual cenário cultural carioca. Idealizou e produziu recentemente o premiado espetáculo “Chica da Silva, o Musical”; dirigiu “Volúpia da Cegueira”, que após bem-sucedida temporada no Rio e em São Paulo, fará circulação pelo Programa Petrobrás Distribuidora de Cultura. Dirigiu também a adaptação para o teatro do aclamado romance “Eles Eram Muitos Cavalos” de Luiz Ruffato. Dirigiu “Cafona sim e daí´? Uma Homenagem”, que celebra os 95 anos de Sergio Britto, em circulação. Acaba de estrear O LAGO DOS CISNES do projeto Música Clássica no Teatro para Crianças. Atualmente está em cartaz com o sucesso “O Porteiro”, comédia indicada ao novo Prêmio de Humor criado por Fabio Porchat, na categoria Melhor Performance. Também protagonizou O Pastor, Lady Christiny e o projeto transmidiático Nordestinos. É criador da Documental.Cia e da Cineteatro Produções. Em 2019 lançará o livro ARTISTA EMPRRENDEDOR que será um guia do passo da produção para artistas.
DANIEL PORTO DE ABREU – autor
E´ formado em História pela UFF. Idealizou, escreveu e produziu diversos espetáculos. Estreou como autor com a peça “O Pastor (2013)”, indicada por Barbara Heliodora no jornal O Globo. Seu mais recente texto, “Lady Christiny” (2016), com direc¸a~o de Maria Maya, ficou entre as cinco melhores peças em cartaz do Rio de Janeiro e recebeu quatro estrelas da revista Veja. Entre seus trabalhos recentes, assinou a idealização e pesquisa histórica de “Chica da Silva, O Musical” (2016). Em 2018 estreou “Cafona sim e dai´? Uma Homenagem”, que celebra os 95 anos de Sergio Britto
FICHA TÉCNICA
Direção: Alexandre Lino
Texto: Daniel Porto
Elenco: Moira Braga, Aléssio Abdon, Felipe Rodrigues e Max Oliveira
Direção Musical: Alexandre Elias
Iluminação: Renato Machado
Cenário e Figurinos: Karlla De Luca
Direção de Movimento: Paula Feitosa
Design Gráfico: Guilherme Lopes Moura
Fotógrafo: Janderson Pires
Telas do cenário: Alexandre Elias
Assessória Jurídica: André Siqueira
Direção de Produção: Alexandre Lino
Produção Executiva: Daniel Porto
Argumento e Idealização: Documental Cia
Realização: Cineteatro Produções
SERVIÇO – ESPETÁCULO – VOLÚPIA DA CEGUERIA
SERVIÇO – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP
VOLÚPIA DA CEGUEIRA
Temporada: De 17 a 19 de AGOSTO
Local: Teatro COLINAS
Endereço: Av. São João, 2.200, Jardim das Colinas, São José dos Campos – SHOPPIN COLINAS – TELEFONE: (12) 3204-5236
Capacidade: 324 Lugares
Preço: 10,00 (Meia) R$ 20,00 (INTEIRA)
Horários: sexta e sábado às 21h, domingo às 19h
Classificação: 16 anos
Duração: 70 minutos
Gênero: Documentário Cênico
Acessibilidade: Todas as sessões terão intérprete de libras.
Este projeto foi selecionado pelo Programa Petrobras Distribuidora de Cultura 2017/2018