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quinta-feira 26 dezembro 2024
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Escolha de quem vai ou não para UTI já acontece, diz médico do Emílio Ribas

Médicos do Instituto de Infectologia Emílio Ribas já têm de escolher, mesmo que “indiretamente”, qual paciente irá ou não para um leito de UTI para o tratamento da covid-19. A afirmação foi feita hoje por Jaques Sztajnbok, médico supervisor da UTI do Emílio Ribas, em entrevista à GloboNews.

Sztajnbok explicou que o hospital, referência no tratamento de doenças infectocontagiosas em São Paulo, tem hoje 30 leitos de UTI -todos ocupados. Um novo paciente, portanto, só pode ser admitido quando um leito fica vago, seja por alta ou por óbito de outra pessoa.

“Quando eu tenho zero vagas e olho [no sistema] que há seis solicitações para uma vaga, a situação já se delineia. Quando aparece uma vaga e essas mesmas 6 solicitações continuam lá, essa escolha acaba sendo indiretamente efetivada. Mesmo sem a dramaticidade de estar com os dois pacientes na minha frente, com um único aparelho”, disse Sztajnbok.

O médico disse ainda que não é possível responder “objetivamente” se estamos no pico de casos do coronavírus no país ou se ainda caminhamos para esse cenário porque “não se sabe qual é o comportamento dinâmico dessa epidemia”.

“O que a gente sabe é que já estamos lotados. Então, se não estivermos no pico ainda, é bom que as autoridades corram, porque em algum lugar nós vamos ter que internar esses pacientes”, afirmou.

Sztajnbok disse ainda que o tempo necessário de internação para pacientes que apresentam um quadro grave da covid-19, que pode variar de duas a quatro semanas, é outro fator preocupante.

Segundo ele, há casos em que os pacientes precisam de diálise, e não apenas de ventilação mecânica.

São Paulo é o estado com mais casos de covid-19 no país. Até ontem, foram registrados 14.580 casos e 1.037 mortes pela doença em todo o estado. Além do estado paulista, Rio Grande do Sul e Amapá já registram uma ocupação acima de 50% dos leitos de UTI destinados ao tratamento da covid-19.

A situação nos estados de Amazonas, Ceará, Pará e Pernambuco é ainda mais preocupante. Neles, a taxa de ocupação desses leitos está acima de 90%.