Em números absolutos, Brasil é o país com maior quantidade de casos na América Latina
Com a chegada do verão e a epidemia recorde de dengue no Continente, conforme acaba de divulgar a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) alerta sobre importância de adotar medidas preventivas eficazes contra a enfermidade, que pode agravar doenças cardiovasculares. São necessários cuidados preventivos mais eficazes para pacientes cardíacos, cujo quadro pode agravar-se caso contraiam a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
Além disso, ao sinal de qualquer sintoma suspeito, o médico deve ser procurado de imediato. O presidente da Socesp, José Francisco Kerr Saraiva, explica que o risco maior refere-se aos portadores de doenças coronarianas, fibrilação atrial e próteses valvares, tratadas com o ácido acetilsalicílico (com nomes comerciais como Aspirina e AAS), de outros antiagregantes (como Clopidogrel, Ticagrelor) e anticoagulantes (portadores de próteses valvares, fibrilação atrial).
Todos esses medicamentos são contraindicados na ocorrência da dengue, pois ampliam o risco de hemorragias potencialmente presentes nessa doença. Assim, a combinação da dengue com os remédios aumenta de maneira expressiva a possibilidade de sangramentos. Por isso, a importância de redobrar a prevenção e de, aos primeiros sintomas suspeitos, procurar de imediato assistência médica. Em caso de confirmação da doença, o médico infectologista, que cuidará da dengue, poderá trabalhar em conjunto com o cardiologista, buscando a melhor opção de tratamento para cada paciente.
A indicação do ácido acetilsalicílico para o controle de algumas doenças cardiovasculares tem o propósito de “afinar” o sangue, evitando assim a formação de coágulos. Nos casos de dengue, a recomendação do Ministério da Saúde é para suspender o uso de medicamentos com essa substância, que agrava o potencial de hemorragias da doença. “Por isso, é muito importante alertar a população sobre esses riscos e a necessidade de buscar ajuda médica imediata, para que se equilibre o paciente cardíaco durante o acometimento da dengue”, ressalta Dr. Saraiva.
A dengue é uma doença virótica febril aguda, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve em áreas tropicais e subtropicais. Os sintomas mais comuns, normalmente manifestados após três dias da picada, são febre, dor de cabeça, no corpo, nas articulações e por trás dos olhos. A dengue hemorrágica é a forma mais grave, pois pode causar sangramento e apresenta risco de morte.
Os números da OPAS
A dengue nas Américas atingiu o recorde de casos já registrados, com mais de 2,7 milhões, incluindo 22.127 graves e 1.206 mortes notificadas até o fim de outubro de 2019, conforme nova atualização epidemiológica da OPAS. A maior epidemia anterior havia ocorrido em 2015. Os 2.733.635 casos de 2019 são 13% superiores aos ocorridos naquele ano. Porém, a taxa de letalidade (proporção de mortes) foi 26% menor este ano em comparação com 2015.
O Brasil teve o maior contingente de casos em números absolutos, com 2.070.170 notificações. O México registrou 213.822; a Nicarágua, 157.573; a Colômbia, 106.066; e Honduras, 96.379. Os países com as maiores taxas de incidência a cada 100 mil habitantes foram: Belize, com 1.021; El Salvador, 375; Honduras, 995,5; e Nicarágua, 2.271. Nesse critério, o Brasil é o quinto com a maior taxa de incidência nas Américas, com 711,2 casos por 100 mil habitantes.
Devido à epidemia, a OPAS recomenda que os governos fortaleçam a vigilância de doenças, bem como o controle dos mosquitos que transmitem dengue, envolvendo comunidades em atividades de prevenção e controle.