A Embraer anunciou que vai dar férias coletivas para todos trabalhadores que atuam nas unidades instaladas no Brasil para realizar a transição do comando da empresa para os norte-americanos da Boeing.
As férias coletivas serão concedidas de 6 a 20 janeiro. A medida deve impactar cerca de 15 mil trabalhadores, paralisando as unidades Faria Lima e Eugênio de Melo, em São José dos Campos, Taubaté, Sorocaba, Gavião Peixoto e Botucatu, todas no estado de São Paulo.
Os escritórios da Embraer em São Paulo e em Belo Horizonte (MG) também serão afetados.
A decisão causa apreensão entre os trabalhadores, preocupados com as medidas que a nova direção da companhia eventualmente possa tomar.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, que representa a maior parte dos trabalhadores da Embraer no país, é contra as coletivas, de acordo com a decisão tomada pela categoria.
“Em assembleia, os trabalhadores reivindicaram da empresa a concessão de licenças remuneradas, ao invés de férias coletivas, se fosse preciso parar a produção por conta da mudança do controle operacional”, informou o diretor do Sindicato Herbert Claros.
A direção do Sindicato também tem tentado agendar, até agora sem sucesso, uma reunião com o presidente da companhia, Francisco Gomes Neto. Um novo pedido de encontro foi protocolado na quarta-feira (9) para tratar das próprias férias coletivas, Campanha Salarial e a repressão protagonizada pela Polícia Militar durante a greve realizada na unidade Faria Lima, em São José, nos dias 24 e 25 de setembro.
Para o Sindicato, a Embraer já iniciou a transição para a Boeing, com demissões realizadas a conta-gotas e ataques aos direitos dos trabalhadores.
Na Campanha Salarial, além de oferecer aos funcionários apenas a reposição da inflação, a empresa quer impor o fim da estabilidade no emprego para portadores de doenças ocupacionais e da proibição da terceirização em todos os setores da fábrica – conquistas previstas nas convenções coletivas assinadas em anos anteriores pela direção da fábrica e do Sindicato.“Desde o início, nos posicionamos contra a venda da Embraer à Boeing, porque sabíamos que isso implicaria maiores ataques aos trabalhadores, além de afetar a soberania do país. Ainda estamos estudando táticas para tentar barrar essa transação no âmbito judicial”, revelou Herbert.