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sábado 23 novembro 2024
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Em muitos momentos Kardec aponta a vontade como sendo elemento indispensável ao bom magnetizador. Como fazer para desenvolvê-la? Parte 1/2

• Jacob Melo
Allan Kardec – e a grande maioria dos magnetizadores chamados clássicos – sempre chamou a atenção dos candidatos, estudantes e praticantes do Magnetismo para esse item – a vontade -, destacando-a como indispensável para o sucesso dessa prática. Dos antigos destoava um pouco desse quadro a notável figura do grande Charles Lafontaine. Em seu comentário à questão 33 de O Livro dos Espíritos, Kardec já se refere à ação da vontade como elemento vivamente presente na ação magnética: “Este princípio explica o fenômeno conhecido de todos os magnetizadores e que consiste em dar-se, pela ação da vontade, a uma substância qualquer, à água, por exemplo, propriedades muito diversas (…)”. Essa mesma citação é assim concluída: “Transformação análoga, se pode produzir por meio de ação magnética dirigida pela vontade”. (grifos meus) Significa dizer que a vontade, na lógica espírita, é elemento não apenas funcional, porém igualmente determinante na consecução das ações magnéticas, como, de ordinário, o é nas manifestações espíritas.
Para se desenvolver essa potência dentro de nós certamente existirão exercícios, os quais estarão baseados numa lógica. Assim vejamos como o codificador pontuou o assunto e daí extrairemos reflexões para o que buscamos.
Corroborando com isso, na mesma obra, em seu capítulo VIII, item 131, Allan Kardec anota: “Sabe-se que papel capital desempenha a vontade em todos os fenômenos do Magnetismo. Porém, como se há de explicar a ação material de tão sutil agente? A vontade não é um ser, uma substância qualquer; não é, sequer, uma propriedade da matéria mais etérea que exista. A vontade é atributo essencial do Espírito, isto é, do ser pensante.

Com o auxílio dessa alavanca, ele atua sobre a matéria elementar e, por uma ação consecutiva, reage sobre seus compostos, cujas propriedades íntimas vêm assim a ficar transformadas”. E ainda acrescenta: “Tanto quanto do Espírito errante, a vontade é igualmente atributo do Espírito encarnado; daí o poder do magnetizador, poder que se sabe estar na razão direta da força de vontade”. Estamos lidando, pois, não com um objeto e sim com uma potência da alma. Qualquer exercício para se alcançar seu desenvolvimento, portanto, deve estar voltado para esse ponto.
Vou me permitir buscar mais uma referência de Kardec para fortalecer melhor nosso propósito. Em A Gênese, capítulo XV, item 11, coloca-nos ele mais uma ponderação: “Considerado como matéria terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria orgânica, a fim de repará-la; pode então ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador, ou atraído pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra: pela fé do doente. Com relação à corrente fluídica, o primeiro age como uma bomba calcante e o segundo como uma bomba aspirante. Algumas vezes, é necessária a simultaneidade das duas ações; doutras, basta uma só”.
Quando, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no seu capítulo XIX, item 12, Um Espírito Protetor, em 1863, definiu a fé como sendo “a vontade de querer e a certeza de que essa vontade pode obter satisfação” (grifos originais), ali ficava estabelecido que a vontade é igualmente um dos pilares da fé.
Fazendo-se uma amálgama do que já foi anotado acima, podemos concluir que a vontade é uma potência que deve ter em si um ardente desejo, um querer insofismável, sob pena de não chegar a ser vontade. Esse desejo superior pede perseverança e firmeza, determinação e foco. Como se chegar a isso, então?
Será muito difícil se estabelecer uma regra geral ou um modelo único, mas podemos escolher caminhos para tal.
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“Este princípio explica o fenômeno conhecido de todos os magnetizadores e que consiste em dar-se, pela ação da vontade, a uma substância qualquer, à água, por exemplo, propriedades muito diversas (…)”. O Livro dos Espíritos, questão 33.