No dia 10 de novembro, é comemorado o dia nacional de prevenção à surdez. A data busca conscientizar a população ouvinte sobre a importância de cuidar da audição.
No Brasil, cerca de 28 milhões de pessoas sofrem com a surdez, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso corresponde a 14% da população. Apesar do número, a inclusão no país ainda é parcial, mesmo com leis que estimulam a inserção dos surdos nos mais diversos ramos.
Pesquisa para melhorar a qualidade de vida
Adriana Oliveira Santos Matias é aluna do programa de Mestrado Acadêmico em Ciências Ambientais da Unitau, veio diretamente de Imperatriz, no Maranhão, para apresentar seu projeto e participar de uma mesa redonda no Congresso Internacional de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento (CICTED), organizado pela Unitau.
O diferencial dessa mesa redonda foi o fato de que a aluna Adriana Matias é surda e sente na própria pele as dificuldades da inclusão. “O dia a dia de um surdo é muito difícil, ainda mais na pesquisa, a maioria das escolas não tem acessibilidade para esse tipo de deficiência, o que complica muito as coisas”, conta Adriana que dividiu a discussão com a Profa. Dra. Maria Dolores Cocco, do curso de Arquitetura e Urbanismo e o Prof. Dr. Marcelo Targa, do curso de Engenharia Civil, ambos da Unitau.
Educação inclusiva
Em sua dissertação de Mestrado, Adriana aborda a questão da acessibilidade para surdos na educação. A aluna pretende ajudar na inserção dos surdos por meio da adaptação dos ambientes físicos escolares com sinais visuais, além do auxílio de intérpretes. A intenção é dar maior independência aos alunos surdos e encorajá-los a estudar. “Eu planejo inserir minha tese nas prefeituras, para que as instituições tenham conhecimento e possam trazer mais acessibilidade para os surdos, para que eles possam participar de programas educacionais”, revela a aluna.
Para Adriana as dificuldades servem de motivação para continuar estudando. “Quero mostrar aos surdos que vale a pena estudar e quero mostrar para a comunidade em geral que vale ainda mais a pena investir na inclusão dos surdos”, afirma a futura mestre.
Para a orientadora do trabalho, a Profa. Dra. Maria Dolores Alves Cocco, o tema do mestrado é relevante a nível nacional. “Muitas vezes vemos a questão de acessibilidade apenas para os cadeirantes e até das pessoas cegas, mas acabamos nos esquecendo dos surdos. Esse trabalho é para quebrar essas barreiras da inclusão para os surdos principalmente nas escolas”, ressalta a docente do curso de Arquitetura e Urbanismo .
A professora também relatou a experiência de orientar a dissertação alguém surdo. “Não houve barreiras, ela é fluente em Libras e também lê lábios, a Adriana, assim como muitos surdos, buscou criar seus próprios mecanismos para se inserir na sociedade”, explica a professora.
A aluna também contou seu desejo para o futuro da comunidade surda e para os próximos congressos da universidade. “Eu quero que todos os surdos tenham a oportunidade de apresentar seus trabalhos e mostrar o quanto nós conseguimos. Acreditar que é possível faz toda a diferença”, encerra Adriana.