Tempestades fortes de neve, na semana anterior à abertura, parecem ter proporcionado um alento ao Salão de Genebra, que se encerra no próximo domingo. Essa exibição anual vem sofrendo forte retração de rentabilidade, a exemplo de outros salões, mas mantém seu charme de exposição enxuta e atraente. Esta edição está bem recheada por mais de 20 lançamentos mundiais de peso.
Frenesi elétrico continua como elemento importante em vários estandes, mas começa a perder algum fôlego. Fabricantes – BMW, Nissan, Renault e Tesla – que se anteciparam nessa corrida tecnológica alcançaram, até agora, resultado financeiro bem aquém do imaginado. Jaguar, por exemplo, estreou seu primeiro elétrico, o SUV médio I-Pace baseado no F-Pace, mas tratou de terceirizar a produção para a austríaca Magna Steyr, sem prever volumes. Nissan estreou o crossover elétrico IMx Kuro.
Volkswagen completou sua família conceitual I.D. de modelos elétricos com o Vizzion, previsto para entrar em linha em 2022. Será o modelo topo de gama e graças à arquitetura enxuta típica pode oferecer relação espaço interno/externo bem superior à convencional. Também anunciou início do serviço próprio de transporte compartilhado chamado MOIA. Renault EZ-GO, micro-ônibus autônomo conceitual, igualmente entra nessa onda de mobilidade alternativa.
Ainda na vertente elétrica, Porsche tem o Mission E Cross Turismo de linhas inspiradas no sedã-cupê Panamera e tração 4×4. Espera-se que versão definitiva não se renda à “síndrome dos penduricalhos”, pois o exibido em Genebra recebeu apliques nos arcos de rodas.
Entre os carros convencionais um dos destaques é a nova geração do Audi A6, de linhas equilibradas e atraentes. Mercedes-Benz não ficou para trás. Um dos modelos que mais chama atenção é o sedã-cupê de quatro portas AMG GT-R. Há, também, nova geração do Classe A e revitalização do Classe C a ser produzido em Iracemápolis (SP). BMW reformulou o X4, suavizando as linhas traseiras volumosas, com montagem prevista em Araquari (SC); apresentou, em estágio de pré-produção, o elegante M8 Grand Coupé.
Entre os carros que interessam ao mercado brasileiro de grande volume, destaque para o C4 Cactus, segunda geração. A Citroën confirmou produção em Porto Real (RJ). Lançamento previsto para o terceiro trimestre e, esperam-se, vidros de descer nas portas traseiras sem o sistema basculante original. Ford Ka apareceu em espaço meio escondido no estande com retoques visuais também previstos para o modelo brasileiro, inclusive no interior.
Skoda Vision, embora bem disfarçado principalmente na parte interna, antecipa o VW T-Cross a ser produzido em São José dos Pinhais (PR), a partir de janeiro do próximo ano. Ambos usam arquitetura MQB e mesma distância entre eixos do Virtus.
Outros modelos novos em Genebra que serão importados: quarta geração do Hyundai Santa Fe ganhou linhas mais rebuscadas, Peugeot 508 demonstra enriquecimento estilístico da marca francesa e Lexus UX, boa evolução do CT200 Hybrid.
O Salão reserva um bom espaço para supercarros esporte. Este ano, a desconhecida Corbellati promete lançar um cupê de 1.800 cv que seria o de maior potência do mercado, sem revelar pormenores. Se vai vingar, é outra história.
RODA VIVA
VELOCIDADE de mudanças na mobilidade faz surgir previsões surpreendentes. Hoje, Apple é a empresa de maior valor de mercado no mundo, cerca de US$ 900 bilhões. Porém, diversificação dos grupos automobilísticos e seu crescimento na área de serviços podem mudar isso dentro de 10 a 15 anos. Estimativa de Herbert Diess, da VW, em entrevista à Automotive News.
RENAULT inaugurou nova ala na fábrica no Paraná: injeção de alumínio para componentes do motor 1.6 L, que representa 60% das unidades produzidos. Encerra final do ciclo de R$ 3 bilhões investidos. Novos aportes só serão definidos após conhecimento do programa federal Rota 2030. “Sem visão de futuro, não dá para saber onde e em que investir”, posição da empresa.
NOVO SUV da Jaguar, F-Pace estreia aqui como o modelo de entrada da marca. Motores 2.0 turbo de 250 cv e 300 cv, da recente série Ingenium de projeto próprio (antes eram da Ford). Seu comportamento, na avaliação de pista, é de grande agilidade pois tem apenas 1,65 m de altura e posição ao volante próxima a de um automóvel. Preços de R$ 222.300 a 278.080.
ÂNIMO da Nissan para importar segunda geração do létrico Leaf – bem melhor que a primeira e com o dobro de autonomia (300 km) – veio de pesquisa encomendada por ela mesma. Até 80% dos compradores do nosso continente aceitariam a alternativa. Problema, como sempre, é preço em patamar desanimador.
PASSAT, agora, é importado em versão única, com um só opcional: teto solar. Preço de 164.620 e recheado de equipamentos (de dois bancos elétricos a quadro de instrumentos digital reconfigurável). Amplo espaço interno, ótimo porta-malas e motor 2-litros turbo de 220 cv de ótimap egada. Compete em segmento de grande oferta e compradores exigentes.