• Rogério Miguez
Chico Xavier, no primeiro encontro com Emmanuel, recebeu uma orientação básica para o desempenho de sua missão: “- Está você realmente disposto a trabalhar na mediunidade com o Evangelho de Jesus, perguntou Emmanuel? – Sim, se os bons espíritos não me abandonarem… – respondeu o Médium. – Não será você desamparado, – disse-lhe Emmanuel – mas para isso é preciso que você trabalhe, estude e se esforce no bem. – E o senhor acha que eu estou em condições de aceitar o compromisso? – tornou o Chico. – Perfeitamente, desde que você procure respeitar os três pontos básicos para o serviço… Porque o protetor se calasse o rapaz perguntou: – Qual é o primeiro? A resposta veio firme: – Disciplina. – E o segundo? – Disciplina. – E o terceiro? – Disciplina”.
Sabe-se que Chico Xavier deixou uma obra literária psicografada de centenas de livros e se Emmanuel recomendou por três vezes a virtude da disciplina a Chico Xavier, Espírito já bastante evoluído, será que também precisaríamos de disciplina no desempenho de nossas particulares missões?
Conta-se que durante uma apresentação em casa espírita, o expositor lembrou a disciplina como sendo importante virtude a ser exercitada nos trabalhos da instituição tanto quanto na condução da própria vida. Imediatamente um dos ouvintes emitiu opinião de que centro espírita não é quartel! Conversaram mais um pouco sobre o tema, contudo o participante se mostrou irredutível em sua posição. É bom desfrutar de uma doutrina que incentiva e permite a liberdade de opinião, contudo, aprendamos que respeitar o livre arbítrio alheio não quer dizer cooperar com a indisciplina.
A literatura espírita é rica em chamamentos ao cultivo desta virtude, então qual a razão de tanta resistência por parte do frequentador? Teria ele talvez incorporado este jeito nosso de viver aqui na Terra do Cruzeiro, onde de modo geral, se presta pouca importância a esta virtude? Afinal, somos bastante indisciplinados no trânsito, no comer, na compra de remédios sem receita, nos atendimentos aos horários dos diversos compromissos da vida…
Esta virtude deveria ser exercitada regularmente nos diversos trabalhos da casa. Por exemplo: como entender que um frequentador entre regularmente ao final de exposição pública apenas para tomar passe!? Que ideia estará se formando na mente deste assistido sobre o que é uma casa espírita e o que é o Espiritismo? O mais importante seria assistir ao estudo, pois este nos esclarece sobre as nossas dificuldades, sendo assim, é nosso dever orientá-lo e incentivá-lo a comparecer no horário de início da reunião.
A disciplina verdadeira não é característica de personalidade que exija invariavelmente rigor, austeridade, sisudez, e nem tampouco é irmã do autoritarismo. Não é incompatível com a alegria e a descontração, nem tampouco com a liberdade de ação. É claro que o centro espírita não é um quartel, local este onde a ordem e a disciplina, estas duas irmãs, filhas da obediência, assumem traços de maior rigor, pois a organização militar, de um modo geral, assim o exige e impõe.
Desta forma, reflitamos um pouco mais, antes de reagir instintivamente de modo contrário à disciplina. Embora não sendo um quartel material o centro espírita é uma fortaleza espiritual. Fortim este onde aprendemos com a disciplina do amor e da tolerância, através das palestras, dos trabalhos e dos estudos, à luz dos ensinos da Doutrina Espírita, a confeccionar a nossa farda moral; e através das nossas pequenas, constantes e disciplinadas demonstrações de renúncia, humildade e bondade, a nos armarmos das virtudes necessárias e imprescindíveis a quem aspira servir Jesus incondicionalmente. E são exatamente estas duas conquistas: a vestimenta moral e as armas das virtudes, que nos permitirão travar o bom combate apregoado pelo apóstolo Paulo, quando disse: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” – 2 Timóteo 4:7.
Disciplina, somente para o quartel?
abr 19, 2019Bruno FonsecaColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Disciplina, somente para o quartel?Like
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