A sociedade civil precisa cobrar investimentos e informação para prevenção de doença que atinge felinos e humanos
O envolvimento do poder público no controle da esporotricose, com destinação de recursos financeiros e a correta informação da população, é a única maneira de se evitar a proliferação da doença.
A esporotricose é causada pelo fungo Sporothrix schenckii, que está presente no ambiente, em terras de jardins, por exemplo. Por isso, há maior incidência em jardineiros ou lavradores, que adoecem a partir de ferimentos com material contaminado.
Os gatos, que habitualmente afiam as garras e enterram as fezes, também podem acumular o fungo sob as unhas. E, no caso de cruzamentos ou briga por território, podem se contaminar.
Humanos – A transmissão da zoonose também pode se dar de gato para pessoa, quando, por exemplo, alguém tenta tratar um animal e é arranhado. Mesmo o gato saudável pode ter o fungo sob as unhas. E, quando os felinos apresentam lesões causadas pela esporotricose, elas comumente são confundidas com maus tratos, o que faz com que a pessoa não adote os cuidados necessários.
Na maioria dos casos, a doença atinge a pele, causando lesões, às vezes em sequência, como um colar de nódulos. O diagnóstico é difícil, diante do desconhecimento dos profissionais de saúde, e a esporotricose pode levar à incapacitação temporária para o trabalho.
Diante desse cenário, somente a correta informação e o investimento em controle populacional podem surtir efeito. A esporotricose é tratável, mas que muitos cogitam a eutanásia nos gatos de rua porque a adoção, após o tratamento, é complicada porque há possibilidade de reincidência.
É recomendado o uso de luvas nos contatos com os felinos e de água sanitária para lavar os locais destinados aos animais, além de consulta frequente ao veterinário.
Outra medida, a ser adotada pelos governos, é a castração em massa, para controle populacional, e a notificação compulsória dos casos.
A culpa não é do gato
Precisamos também de uma correta abordagem da esporotricose para se evitar o massacre de animais.
Não se pode alardear a doença e colocar a população contra os animais, Precisamos lembrar também o episódio de massacre das capivaras e da febre maculosa e dos Macacos com febre amarela.
O homem degrada os habitats dos animais silvestres, que, cada vez mais, se aproximam dos centros urbanos. Por isso, cuidar desses animais significa cuidar dos humanos. A prevenção e a informação precisam PREVALECER.
Temos necessidade de uma política de controle dos animais como ocorre na Holanda, onde não há abandono e, logo, zoonoses não prosperam.
Várias prefeituras utilizam o extermínio de animais para o controle de zoonoses, muitas vezes, sem os exames para diagnóstico. “Isso é crime previsto na legislação”.
Procure um veterinário e se informe porque a esporotricose é tratável. Mesmo os animais de rua merecem o tratamento da prefeitura.
Cobrem o CCZ de sua cidade.
_____
Jaqueline Brito Tupinambá Frigi