O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) vai mapear o impacto que o fechamento da Ford Taubaté pode causar nas famílias dos trabalhadores na fábrica.
Técnicos iniciaram nesta sexta-feira, 22, a aplicação de uma pesquisa junto aos trabalhadores. A primeira coleta de dados ocorreu durante assembleia realizada na empresa pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau).
A pesquisa também pretende aprofundar o impacto de uma saída da Ford na economia municipal. Segundo a economista da Unidade de Atendimento Local (UAL), do Dieese, Renata Belzunces, cerca de 200 formulários foram preenchidos com dados sobre endividamento, gastos com aluguel ou financiamento da casa e distribuição das despesas familiares.
“Essa pesquisa vai nos ajudar a ter uma ideia melhor dos efeitos do fechamento da fábrica da Ford para os trabalhadores e suas famílias”, afirmou. O Dieese tem monitorado os possíveis impactos do encerramento das atividades da Ford no Brasil. O primeiro levantamento do instituto, divulgado no dia 15 de janeiro, apontou que até 118 mil empregos podem ser afetados no Brasil.
Entre os trabalhadores, o momento é de incerteza, mas com o reconhecimento da necessidade de manter a mobilização na luta por seus direitos. “Tem que lutar até o fim. A ficha está começando a cair agora”, disse Clara Lidiane da Silva Camargo Oliveira, trabalhadora na Ford há 16 anos.
O sentimento de Clara é partilhado por Gustavo Bisler Fernandes, que acumula 12 anos de fábrica. “Fomos pegos de surpresa, fiquei muito chateado com isso. A situação não era boa e, por isso, abrimos mão de diversos direitos sempre na esperança de manter nossos empregos.”
Reivindicações ao MPT
Também durante a assembleia desta sexta-feira, 22, os trabalhadores da Ford de Taubaté aprovaram por unanimidade uma agenda semanal de atividades e o encaminhamento de uma lista de reivindicações ao Ministério Público do Trabalho (MPT).
As deliberações sobre a agenda de mobilização focaram três pontos: assembleias a serem realizadas todas as segundas-feiras para atualização dos trabalhadores, agendamento de ao menos uma reunião semanal com a montadora e também no mínimo uma mobilização por semana.
O presidente do Sindmetau, Claudio Batista, o Claudião, reforçou a necessidade de manutenção da vigília na porta da fábrica para impedir a entrada ou a saída de equipamentos, confirmando a posição dos trabalhadores. “A luta começa a tomar certo tempo e precisamos manter os trabalhadores envolvidos, mobilizados.”
Entre as reivindicações apresentadas ao MPT estão a garantia de estabilidade no emprego até o dia 31 de dezembro, conforme convenção coletiva, preservação dos direitos dos trabalhadores lesionados até a aposentadoria e o pagamento dos processos trabalhistas movidos.
“Primeiro vamos discutir todas as questões sociais que envolvem o tema. Só depois vamos fazer as discussões dos aspectos econômicos”, afirmou Claudião.
A assembleia desta sexta-feira contou com a presença de entidades sindicais de outras categorias, como professores e servidores públicos, além de lideranças políticas.