Livro relata fraude de Abdelmassih e traz revelações bombásticas de Cristian Cravinhos e Paulo Preto
Sentado em uma cadeira de rodas, com seus cabelos grisalhos e olhos ferino, Roger Abdelmassih , condenado a 181 anos de prisão por 39 estupros, foi enfático com o autor do livro: “Deve ter muitos filhos meus por ai, o sêmen dos caras não prestava (risos)”. Ainda sobre Abdelmassih, o livro expõe, em detalhes, a fraude empreendida pelo ex-médico para conseguir sua contraditória prisão domiciliar, concedida pelo Supremo Tribunal Federal.
Outro notório entrevistado, Cristian Cravinhos, do retumbante caso Richthofen, fez revelações inéditas e surpreendentes. “Depois que os pais foram atacados, a Suzane foi ao quarto deles e desferiu golpes na mãe”, afirmou Cristian, que se tornou amigo do autor e narrou ainda: “Nos momentos que antecederam ao massacre dos pais, eu tentei demover ela e meu irmão, Daniel, da ideia estúpida de matar o casal, mas eles não me ouviam; enquanto eu argumentava, ela apenas ria e fumava um cigarro de menta”.
Cristian ainda revelou um detalhe estarrecedor jamais exposto. “Dentro do imóvel, eu joguei os porretes no chão tentando acordar o casal, quando a Suzane me repreendeu dizendo: “que merda é essa Cris? Você quer morrer também”?
Esses e outros relatos surpreendentes estão no livro recém-lançado Diário de Tremembé – O presídio dos famosos – Histórias de vida e de morte que abalaram o país, de autoria do escritor, repórter e político Acir Filló, 47, também preso temporariamente em Tremembé, acusado de fraude em licitação, o que ele nega.
Escrito dentro do presídio mais famoso do Brasil, a obra literária descreve, em detalhes, o dia a dia em Tremembé, com seus presos midiáticos que trouxeram inéditas revelações sobre seus crimes e, em alguns casos, apresentando fatos reivindicando inocência. O livro narra as 101 horas do sequestro de Eloá Pimentel, quando Lindemberg afirmou: “estávamos nos preparando para sair do apartamento, eu iria me entregar, quando a polícia invadiu o local, o que acabou em tragédia. Se a polícia não errasse, ninguém teria morrido”.
Na convivência diária com Alexandre Nardoni, Acir Filló revelou sua rotina na prisão e conta como tentou extrair dele alguma admissão de culpa na morte da filha Isabella, mas Nardoni foi sempre irredutível: “Eu não matei minha filha. Ninguém tem interesse em descobrir a verdade”.
Edinho, filho de Pelé, com quem o autor bateu bola e dialogou em Tremembé, abriu o coração relatando o trauma sofrido pela separação dos pais quando era criança, o desafio de jogar no Santos sendo filho do Rei e sua “absoluta” inocência nas acusações de associação ao tráfico.
Nos capítulos mais “suaves”, Diário de Tremembé traz histórias de amor, como a do próprio autor, que preocupado com a relação que os filhos, ainda crianças, teriam ao saber da situação do pai ao visita-lo pela primeira vez no presídio, se inspirou no filme A Vida é Bela, enfaixando uma perna, pegando emprestadas as muletas de um colega preso e foi ao encontro deles se passando por doente, dizendo aos pequenos que ali era um “hospital do exército”. A cena emocionou outros visitantes.
No capítulo O homem que não sabia ler, o texto relata, com suavidade, o altruísmo do autor que, em um ambiente repleto de improvisos, utilizou método de Paulo Freire e alfabetizou Cecimar, um preso idoso que sonhava aprender a ler.
Referente Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, que também foi “hospede” em Tremembé, a obra apresenta declarações estarrecedoras do ex-homem forte da Dersa e operador do PSDB. A conclusão é que Paulo Preto vai fazer uma catastrófica delação premiada. Joesley Batista também tem seu cotidiano na prisão (PF) revelado em detalhes por quem conviveu com o dono da JBS – Friboi.
Na primeira “orelha” do livro, a obra é apresentada com a seguinte narrativa: Preso em Tremembé, o autor convive há dois anos com personagens que foram e são notícia no mundo inteiro pelos inacreditáveis crimes acusados de protagonizar. Com sua veia jornalística pulsando ele não perdeu tempo, trocou a decepção do cárcere e a iminente depressão por papel e caneta. Entrevistou dezenas de figuras “midiáticas” e escreveu esse contagiante Diário de Tremembé, relatando com profundidade o cotidiano do “presídio das celebridades”. Para produzir essa obra, foi em busca de cada história, prospectou fatos inéditos e obteve confissões jamais reveladas como nos casos de Guilherme Longo, Gil Rugai e Mizael Bispo; pesquisou as trajetórias de Sandro Dotta, Nardoni, Lindemberg (caso Eloá) e Roger Abdelmassih; ouviu as versões de Edinho (filho de Pelé), Cristian Cravinhos, Rocha Mattos e Paulo Vieira de Souza (PSDB); mergulhou num vasto oceano de atores criminosos (e inocentes) das mais variadas vertentes, e reuniu neste empolgante livro as extraordinárias histórias dos mais famosos presos do Brasil, abordando, ainda, as urgentes questões do feminicídio, da criminalidade, do flagelo e falência do sistema prisional. Também investigou, e aqui relata por ângulos jamais explorados, a rotina de prisioneiros como Edemar Cid Ferreira (Banco Santos), o lendário Cabo Bruno, Pimenta Neves, Law Kin Chong, Matheus da Costa Meira, Marcos Valério e outros “ilustres” hóspedes da prisão que nos causa fascínio e curiosidade: Tremembé.
Já na segunda “orelha”, o autor narra um dia no presídio mais celebre do país: O meu dia-a-dia em Tremembé era draconiano. A convivência com presos que cometeram crimes inacreditáveis me transportava para os thrillers mais horripilantes de Hollywood. De manhã, tomava café com um serial killer que afogou oito crianças; em seguida participava de um curso na companhia de um sujeito que matou os filhos e de outro que jogou a filha pela janela do prédio; depois estava jogando vôlei com um cara que matou a esposa grávida, com outro que tirou a vida dos pais e com um jack (estuprador); à tarde, eu ia à “igreja” com um médico que estuprou 39 mulheres, com um rapaz que teria jogado o enteado no rio e com dois jovens que mataram suas mães: uma a facadas e o outro com socos. Para “aliviar”, no fim do dia, fazia caminhada com Edinho (filho do Pelé), Paulo Preto, Lawrence Casagrande (secretário de Estado), Luiz Eduardo, irmão de José Dirceu, Thierri Di Castro (ator da Netflix), com um piloto de avião, médicos e com outras figuras do meio político e empresarial que pagavam seus “pecados” em Tremembé.
O autor, Acir Filló, casado e pai de três filhos, escreveu, entre outras obras, a biografia de Geraldo Alckmin (2006), foi repórter e radialista por 15 anos e prefeito de Ferraz de Vasconcelos (SP). Entrevistou ou atuou politicamente com todos os presidentes da República vivos. Também é palestrante e prepara o lançamento de dois novos títulos para 2019. Ao longo de sua carreira, entrevistou alguns dos principais personagens do país como Antônio Carlos Magalhães (ACM), Delfim Neto, Antonio Ermínio de Morais, José Sarney, artistas e inúmeras personalidades.
Diário de Tremembé – O presídio dos famosos – Histórias de vida e de morte que abalaram o país
Editora Nova Brasil Esperança – 360 páginas – R$ 59,90
Venda exclusiva pelo whatsapp (11) 94020-7635 (Valmir Sal – irmão)