O crescimento positivo da esperança de vida e a diminuição da natalidade, mesmo com taxas desiguais, provocam desequilíbrios intergeracionais com muitas expressões.
A participação ativa dos idosos na vida social e familiar assume na cultura um peso sobre o qual é preciso refletir. A cultura do idoso no que respeita ao seu próprio envelhecimento e a mentalidade social predominante e defendida sobre a pessoa idosa.
Os idosos são vistos de forma diferente nas várias sociedades, a tradição africana resiste ainda à mentalidade pragmática e produtivista da Europa, onde os cálculos economicistas colocam à margem a sabedoria da experiência.
O modelo da eterna juventude ganha terreno no dia a dia e ignora o desenvolvimento interior, não obstante variações da experiência que o envelhecimento pode trazer, ainda que seja assinalado pela perda de capacidades e da percepção.
A espiritualidade cristã sustenta a aceitação dos limites, a reconciliação com a vida relida e a preparação para o encontro com Deus, uma cultura só é chamada a ver no envelhecimento a beleza da tranqüilidade, da ternura e do silêncio, e não apenas a aspereza da doença e da solidão.
Há uma citação de Pitágoras que nos diz que “ uma bela velhice é , ordinariamente, a recompensa de uma vida bela”.
A angústia do envelhecimento não é apenas a antevisão da morte, mas o receio da perda de dignidade, da perda de autonomia, da lentidão incapacitadora, da desvalorização de uma imagem construída ao longo da vida .
Apesar de tudo isto, sabemos que muitos envelhecem e conseguem ser felizes porque acreditam em si próprios, porque vivem um di de cada vez, porque não param a aguardar o tão temido fim, porque não se dedicam às novas limitações, mas aceitam-nas, aguardando e rentabilizando as competências que mantêm.
Não podemos interromper o curso imparável dos dias e dos anos, mas podemos apostar em cada momento como se fosse o mais importante da nossa vida, com reconhecimento pelo que somos e não com a angústia do que desejávamos ser ou daquilo que já fomos. Deste modo, estaremos construindo razões para ser feliz até o último dia da existência, que não temos a capacidade de advinhar. Enquanto estamos vivos a nossa tarefa é viver e lutar pela qualidade com que o fazemos.
O envelhecimento é um problema central do nosso tempo, a exigir um enquadramento a vida. Afinal, a vida não pode ser um exclusivo, como parece, do ícone da contemporaneidade: o jovem. Como envelhecer na vida?
As políticas públicas devem estar adequadamente preparadas para amparar os idosos, pois os sistemas de proteção dessa população são geralmente mais caros do que as das demais faixas.
É preciso respeitar os idosos, se preocupar com a qualidade da vida deles, que passam pela organização do seu cotidiano, pelo seus estilos de vida e expectativas, pela disponibilização de bens e serviços.