Search
domingo 24 novembro 2024
  • :
  • :

Descobrir a arte de existir

Em 1917, o poeta Giuseppe Ungaretti escreve um dos mais célebres poesias do século XX. Trata-se de uma composição brevíssima, que consiste nisto: “Ilumino-me de imenso”.

Qualquer que seja a interpretação que dela façamos , é importante interrogar-se sobre o seu significado existencial. O que pode representar para a vida de cada um de nós iluminar-se daquilo que é imenso?
É verdade que o desenho destes dois versos se assemelha a uma flor que flutua na leveza do tempo. É uma espécie de cintilação, de leveza, de encantamento e de leveza perante o ser. Quanto o precisamos !

Precisamos descobrir esta arte de existir na confiança e no espanto das pequenas coisas, através das quais a imensidão nos visita.

Ao contrário, não raramente a nossa experiência quotidiana está em total dissonância com esta leveza. Sentimo-nos sem força e sem graça, com os passos cada vez mais pesados, e como se o nosso coração nada mais do que uma casa às escuras.

Talvez nos ajude saber que esta poesia – que contém um extraordinário programa de vida – foi escrito quando Ungaretti se encontrava , como soldado, na frente de batalha na Primeira Guerra Mundial, na trincheira ,num mundo em escombros.

E talvez compreendamos, desta maneira, que nem sequer as dificuldades nos subtraem ao dever da grande celebração daquele dom que é estarmos vivos.