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segunda-feira 23 dezembro 2024
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Derrubada criminosa da Mata Atlântica traz risco ao abastecimento de água em SP

Levantamento indica que 1,2 milhão de árvores foram mortas apenas no Município de São Paulo nos últimos seis anos

 

Sem a cobertura vegetal nas áreas mais afastadas da Zona Sul, Leste e Norte da Cidade, nascentes são aterradas, cursos de água e córregos deixam de existir, o que compromete os mananciais de água que abastecem principalmente as Represas da Guarapiranga e Billings, responsáveis pelo fornecimento de água a grande parte da população da Região Metropolitana de São Paulo.

Esta é uma das conclusões do dossiê “A Devastação da Mata Atlântica no Município de São Paulo” (2ª Edição, 454 páginas), cujo lançamento foi feito nesta segunda-feira (27) pelo Vereador Gilberto Natalini (PV-SP). O documento traz 160 áreas desmatadas. Ao todo, 7,2 milhões de metros quadrados de florestas paulistanas já foram ao chão. Uma área ainda maior está sob séria ameaça, caso o Poder Público continue omisso.

O dossiê apresenta fotografias de satélite mostrando o “antes” e o “depois” da destruição da Mata Atlântica, além de imagens de drone e fotos obtidas nos próprios locais onde organizações criminosas devastam a cobertura vegetal para implantar aterros e loteamentos clandestinos (ao todo quase 700 fotografias). Estes terrenos são vendidos ilegalmente, na maioria das vezes a pessoas simples que se desfazem de suas posses para comprá-los. Adquirem lotes sem documentação, enquanto o Poder Público assiste a tudo sem tomar providências eficazes.

Natalini pediu a instalação de uma CPI para investigar a devastação sistemática da Mata Atlântica na Cidade. Não foi atendido. O dossiê traz depoimentos de 52 testemunhas sigilosas – homens e mulheres, a maioria moradora das regiões devastadas no extremo da Zona Sul. Juntas, essas pessoas citaram, direta ou indiretamente, 75 suspeitos de cometer crimes ambientais e outras ilegalidades, como crimes de corrupção.

As testemunhas não terão suas identidades reveladas por segurança. Agora cabe ao Ministério Público conduzir as investigações que se fizerem necessárias e tentar acabar de vez com a derrubada avassaladora de árvores na nossa Mata Atlântica e, assim, interromper a grave destruição do meio ambiente que está em curso no Município de São Paulo.