Levantamento indica que 1,2 milhão de árvores foram mortas apenas no Município de São Paulo nos últimos seis anos
Sem a cobertura vegetal nas áreas mais afastadas da Zona Sul, Leste e Norte da Cidade, nascentes são aterradas, cursos de água e córregos deixam de existir, o que compromete os mananciais de água que abastecem principalmente as Represas da Guarapiranga e Billings, responsáveis pelo fornecimento de água a grande parte da população da Região Metropolitana de São Paulo.
Esta é uma das conclusões do dossiê “A Devastação da Mata Atlântica no Município de São Paulo” (2ª Edição, 454 páginas), cujo lançamento foi feito nesta segunda-feira (27) pelo Vereador Gilberto Natalini (PV-SP). O documento traz 160 áreas desmatadas. Ao todo, 7,2 milhões de metros quadrados de florestas paulistanas já foram ao chão. Uma área ainda maior está sob séria ameaça, caso o Poder Público continue omisso.
O dossiê apresenta fotografias de satélite mostrando o “antes” e o “depois” da destruição da Mata Atlântica, além de imagens de drone e fotos obtidas nos próprios locais onde organizações criminosas devastam a cobertura vegetal para implantar aterros e loteamentos clandestinos (ao todo quase 700 fotografias). Estes terrenos são vendidos ilegalmente, na maioria das vezes a pessoas simples que se desfazem de suas posses para comprá-los. Adquirem lotes sem documentação, enquanto o Poder Público assiste a tudo sem tomar providências eficazes.
Natalini pediu a instalação de uma CPI para investigar a devastação sistemática da Mata Atlântica na Cidade. Não foi atendido. O dossiê traz depoimentos de 52 testemunhas sigilosas – homens e mulheres, a maioria moradora das regiões devastadas no extremo da Zona Sul. Juntas, essas pessoas citaram, direta ou indiretamente, 75 suspeitos de cometer crimes ambientais e outras ilegalidades, como crimes de corrupção.
As testemunhas não terão suas identidades reveladas por segurança. Agora cabe ao Ministério Público conduzir as investigações que se fizerem necessárias e tentar acabar de vez com a derrubada avassaladora de árvores na nossa Mata Atlântica e, assim, interromper a grave destruição do meio ambiente que está em curso no Município de São Paulo.