Uma ampla visão do que tem sido feito em relação à Educação Ambiental nos municípios da região é o que revelam os dados coletados pela plataforma digital “Pelas Águas do Parahyba”, criada para levantar informações para o Plano de Educação Ambiental e Mobilização Social na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (PEAMS). Até a semana passada havia sido cadastradas 158 iniciativas.
Os dados demonstram que a maior parte dessas ações é de iniciativa da sociedade civil, por meio de organizações não governamentais e outros tipos de organizações sem fins lucrativos ou por pessoas físicas: de 158 projetos da plataforma, 88 se enquadram nessa categoria e representam 56% do total.
Já o Poder Público, em especial prefeituras e escolas – apenas três particulares – respondem por 40%, o que equivale a 66 cadastros. A iniciativa privada é a menos presente, com apenas sete projetos ou 4% do total.
Outro dado interessante é que, no geral são mais de 400 mil pessoas foram impactadas de alguma forma pelas atividades de Educação Ambiental desenvolvidas nesse território nos últimos 15 anos, sendo 15.065 no meio rural e 391.276 nas cidades.
Os dados coletados pela plataforma foram tabulados e estão sendo analisados pela equipe técnica do PEAMS como um dos índices que fundamentam o diagnóstico da Educação Ambiental na região, que está em andamento. Na próxima etapa essas e outras informações servirão de subsídios para o diálogo com a comunidade visando construir democraticamente o futuro Plano.
Iniciativas têm ações diversificadas
Dentre as 158 iniciativas já cadastradas na plataforma, é possível identificar práticas e ações de Educação Ambiental interessantes, com foco em temas e públicos diversificados, desenvolvidas na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.
O projeto Ecoficina, da Fatec de Jacareí, por exemplo, desenvolve diversas atividades em escolas e com a comunidade, como a realização de oficinas. Numa delas, ensina o uso da geotinta, tinta ecológica feita com terra, água de chuva e aglutinante natural, desenvolvida por alunos do curso de Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos, na disciplina de Educação Ambiental, com custo bem mais barato.
Em Redenção da Serra, o fotógrafo Celso Custódio já registrou e catalogou mais de 160 espécies de aves que vivem ou estão de passagem pelo município ou no seu entorno. O projeto “Aves de Redenção”, que tem 11 anos e já registrou exemplares raros, é uma iniciativa pessoal do fotógrafo, que se diz apaixonado pela Natureza e pelas aves.
Celso conta que num de seus registros conseguiu fotografar o maçarico-de-perna-amarela –
(Tringa flavipes), ave que costuma migrar do Canadá para a Terra do Fogo, quando é Inverno na América do Norte. Ele percorre 15.000 km, cruzando o Brasil e parando para se alimentar em regiões alagadas.
Já em Cunha, o projeto “Sabores e Saberes do Pinhão”, desenvolvido pela Ong Serra Acima, mescla a gastronomia com a preservação ambiental. A proposta nasceu por iniciativa de moradoras de vários bairros na zona rural que participam ativamente na coleta, escolha e comercialização do pinhão. Da troca de receitas de pratos feitos com esse produto, surgiu a publicação de um livro que traz também histórias sobre esse produto, abundante naquela região.
Há iniciativas que focam a captação de água de chuva, hortas comunitárias, viveiros-escola e atividades que aliam a preservação do meio ambiente com a geração de renda, a exemplo do projeto desenvolvido pelo Instituto H&H Fauser, de Paraibuna, que visa oferecer uma alternativa de renda a produtores rurais, com o cultivo sustentável do cambuci, fruta endêmica da região da serra do Mar.
A proposta de estimular essa atividade tem como objetivo não só torna-la uma al¬ternativa de renda, mas também contribuir para a preservação da Mata Atlântica. Além de aumentar o plantio da fruta, o projeto ainda inspirou a criação do Festival do Cambuci, evento gastronômico anual, no qual a fruta é o principal ingrediente.
PEAMS
O PEAMS, que teve início em outubro do ano passado, está sendo desenvolvido pelo Instituto H&H Fauser (executor) e pelo Instituto Chão Caipira (tomador), ambos sediados em Paraibuna, com vasta atuação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente e cultura. A iniciativa é do Comitê de Bacias Hidrográficas do Paraíba do Sul (CBH-PS), através da sua Câmara Técnica de Educação Ambiental e Mobilização Social, com financiamento do Fehidro.