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quinta-feira 9 janeiro 2025
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Da Obviedade e a Redundância nas Obras Espíritas

• Gerson Sestini
Quando estudamos livros didáticos referentes à Doutrina Espírita podemos encontrar neles excelentes recursos para raciocinar com mais clareza, fazermos associações que reativam conhecimentos, sedimentando-os em nossa memória, facilitando assim a criação de pensamentos coerentes, tanto para meditarmos como para nos expressarmos. Estes livros têm, portanto, um objetivo: direcioná-lo para o estudo em grupo ou em cursos, contando com as modernas técnicas pedagógicas de nossos dias. Por outro lado, tais obras tornam-se indigestas para uma leitura direta e contínua porque têm uma finalidade específica.
Para que um livro destinado a estudos de tal natureza atinja seu objetivo é necessário que o autor, encarnado ou desencarnado, tenha conhecimentos pedagógicos atraentes ou recursos filosóficos, científicos ou mesmo literários que prendam o estudante, interessando-o. E esta é uma tarefa difícil, exigindo muita capacidade do autor.
O que temos recebido das editoras na atualidade é uma quantidade considerável de obras pseudodidáticas, muitas delas com o nome de grandes educadores e escritores – que certamente estão em importantes tarefas no mundo espiritual ou mesmo reencarnados – destituídas do valor, do entusiasmo e a vivacidade que tinham quando viviam entre nós, mesmo suportando as adversidades do mundo onde nos encontramos. Será que nos planos espirituais que lhes cabem, pelo tanto que fizeram pela humanidade, eles como que ‘murcharam’, ficaram estagnados, capazes apenas de repetir conceitos, caindo em desanimadora tautologia1 e obviedade para os leitores ávidos por assimilar os novos conceitos da Doutrina dos Espíritos?
Muitas vezes os textos da Codificação selecionados para uma análise, por si só atendem a necessidade de compreensão do leitor, melhor do que a interpretação dada a ele pelo espírito que nada lhe acrescenta que seja original ou desperte interesse ao estudante.
Kardec, como já o dissemos em outro artigo, pede-nos que usemos o bom senso para publicar o que os espíritos ditam aos médiuns. A primeira pergunta que devemos fazer quando um livro espírita nos chega às mãos será sobre sua natureza: Trata-se de obra didática? Propõe-se a esclarecer um assunto? É para neófitos ou mesmo materialistas, chamando a atenção para os fenômenos e postulados básicos da doutrina ou para aqueles que já conhecem Codificação Espírita? Notando-se que o assunto proposto não foi esclarecido devidamente ou que nenhum tipo de leitor se encaixa nos seus objetivos, podemos admitir que se trate de uma obra sem utilidade.
Livros que não tenham objetivos definidos ou que não os atinjam, apenas ocuparão lugar em nossa estante, concorrendo com obras sérias que poderiam estar em seu lugar. Estejamos atentos, pois.
1 vício de linguagem onde o autor reincide sempre na mesma coisa de forma diversa.