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quinta-feira 14 novembro 2024
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Custo de Vida: Sobe-desce no Vale do Paraíba

A título de curiosidade, o DT publica os preços dos produtos alimentícios e outros que compunham a cesta básica, em fevereiro de 1995. A matéria está no Jornal do Consumidor, editado pela Prefeitura de São José dos Campos. Por isto, os supermercados pesquisados são daquela cidade. Esta republicação só vale para a comparação dos preços. Naquela época, o valor do salário mínimo era R$ 70,00 e seria reajustado 3 meses depois, em maio de 1995, para R$ 100,00. O valor do dólar era de R$ 0,91.

Em virtude da pandemia da COVID-19, a Pesquisa Mensal da Cesta Básica do Vale do Paraíba apresentada pelo NUPES, nesse mês, em alguns supermercados foram coletados preços a partir dos dados de aplicativos online dos supermercados, por conta do isolamento social com a pandemia.

Desde 1996, o NUPES – Núcleo de Pesquisas Econômico-Sociais da Universidade de Taubaté, faz a divulgação mensal do custo da Cesta Básica recomendada para uma família com 5 pessoas. Os valores apurados na primeira semana de setembro de 1996 são utilizados como base para observação da evolução dos preços da cesta todos os meses no Vale do Paraíba.

A Cesta Básica Familiar é composta de produtos que, segundo ponderações da evolução da participação dos principais grupos de bens nas pesquisas familiares (Pesquisa de Orçamento Familiar feita pela FIPE-USP-90/91), preenchem as necessidades de higiene pessoal, limpeza e alimentação de uma família-padrão brasileira, com poder de compra de 5 salários mínimos vigentes, que em março de 2020 era de R$ 5.195,00.

O NUPES fez parte da coleta de preços via aplicativos dos supermercados, devido ao isolamento social e, calculou o custo da cesta básica recomendada acima, nas cidades de Caçapava, Campos do Jordão, São José dos Campos e Taubaté e representa como a variação dos preços da cesta básica do Vale do Paraíba. Em maio o valor da cesta básica foi R$ 1.762,35 valor inferior ao que foi verificado em abril de 2020 que foi de R$ 1.778,05 representando assim uma redução percentual de -0,88% no mês de maio. Esta variação negativa indica redução nos preços quando comparado com a de abril que foi de + 1,61%. Cabe destacar que em maio no Brasil, o IBGE, apontou deflação de – 0,38%.

A Tabela 1 apresenta os preços da Cesta Básica Familiar das cidades do Vale do Paraíba e suas variações no mês de maio de 2020, comparado ao mês de abril de 2020. Em todas as cidades ocorreram variações negativas, ou seja, houve redução nos preços médios da cesta básica em toda região.

Em maio já era esperado redução dos preços médios na região, a partir das cidades pesquisadas. Caçapava se destacou como a cidade que teve a maior redução média dos preços, sendo de –1,29% e, Campos do Jordão com uma menor redução, -0,44%. Do ponto de vista de valor, porém, Campos do Jordão apresentou o maior valor da cesta básica (R$ 1.782,32) e, Taubaté se manteve como a cidade que teve o menor preço da cesta básica do Vale do Paraíba com R$ 1.749,34. A diferença da variação percentual dos preços entre as cidades de menor e maior preço em maio foi de + 1,89% portanto, superior à verificada no mês de abril que foi de + 1,54%.

A Tabela 2 apresenta o comprometimento dos cinco salários mínimos na aquisição da Cesta Básica Familiar, nas cidades pesquisadas e a média do Vale do Paraíba, bem como à disponibilidade financeira para outras despesas. O percentual da renda necessária à compra da cesta em maio foi em média 33,72% da renda total, portanto inferior aos 34,02% do mês de abril de 2020.

Esta redução no comprometimento da renda na aquisição da cesta é resultado de fatores diversos, notadamente, a queda no consumo decorrente de menor renda gerada nos meses que seguiram o isolamento social. Ainda, questões climáticas, que influenciaram a produção de alguns produtos.

Tomando como base a renda mensal de cinco salários mínimo (R$ 5.195,00), em maio, a disponibilidade ficou em R$ 3.462,65 sendo este valor superior ao verificado em março de 2020 que foi de R$ 3.446,95. Tal disponibilidade maior da renda decorre do valor constante do salário mínimo reajustado somente uma vez do ano e as variações de preços ocorrerem todos os meses. A consequência positiva imediata do valor constante do salário mínimo e, a queda relativa dos preços da cesta básica em maio resultou em maior disponibilidade de renda para os outros gastos das famílias, como transporte, saúde, educação, lazer, entre outros bens que compõem a cesta de produtos consumidos por elas.

A Tabela 3 apresenta os itens da cesta, assim como o peso ponderado dos três grupos de produtos. O item alimentação foi responsável por 89% do valor da cesta, o item higiene pessoal (6,5%) e, o item limpeza doméstica (4,5%). No mês de maio apenas todos os seguimentos tiveram variação negativa no preço médio da maioria dos produtos.

Na comparação dos preços médios de maio de 2020 em relação abril de 2020, dos 32 produtos de alimentação pesquisados, 08 apresentaram aumentos e 24 reduções. Dos 5 produtos do item higiene pessoal 2 apresentaram aumentos e 3 reduções. Em relação aos 7 produtos de limpeza doméstica 1 apresentou aumento e 6 reduções.

A Tabela 5 apresenta a variação nos preços da cesta básica nos últimos 12 meses. A redução média dos preços de – 0,88% em maio invertendo a variação positiva dos preços iniciada em fevereiro acumulando um aumento dos preços médios de 3,17% nos três meses do ano de 2020. O mês de maio apresentou mais um comportamento atípico de queda dos preços, particularmente, nos bens de consumo alimentar na segunda quinzena de mês, mais em função de queda da renda e custos maiores das importações, portanto de maior restrição orçamentária, decorrente do isolamento horizontal mais rigoroso, apontado pelas autoridades públicas.

Pode-se considerar que as reduções dos preços em maio foram em decorrência de fatores adversos nas condições de produção interna e na aquisição de produtos importados, devido à desvalorização cambial. O fator maior de restrição orçamentária ocasionado pela perda de empregos, puxou a demanda para baixo minimizando, assim, o impacto dos aumentos de preços de outros produtos. Os principais produtos que sofreram variações em seu comportamento de preços e os possíveis motivadores seguem abaixo.

PRODUTOS QUE APRESENTARAM ALTA NOS PREÇOS

Cebola (+ 31,24%)

Pelo quarto mês seguido a cebola vem tendo altas constantes desde o mês de fevereiro por conta da desvalorização cambial e também por causa da redução das importações da Argentina devido à disseminação da COVID-19 e consequente fechamento de fronteiras determinado pelo governo daquele país. Batata (+ 23,15%) Pelo segundo mês consecutivo a batata apresentou aumento dos preços devido ao menor volume de produção, marcado pelo ritmo de colheita se desacelerando da safra das águas. Os problemas de qualidade, notadamente, do produto provenientes do Sul de Minas, em geral, continuam impactando, diretamente, nas condições de consumo.

Feijão Carioquinha (+4,26%) Mais um mês de elevação dos preços do feijão. O motivo está na baixa oferta do produto por parte das principais regiões produtoras, destaca o Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe). Os problemas climáticos em Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Paraná continuam prejudicando a safra do grão e reduzindo a oferta do produto, o que tende a manter os preços elevados nos próximos meses.

Carne Bovina – contrafilé (+4,24%) O aumento das exportações de carne para China em 21% conforme dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), também a desvalorização da moeda nacional (Real) frente às moedas estrangeiras em maio, resultaram no aumento do preço em reais no mercado.

Farinha de Trigo (+3,46%) Desvalorização da moeda nacional (o Real) em maio pode ter influenciado o aumento do preço dos produtos importados como foi o caso da farinha de trigo.

PRODUTOS QUE APRESENTARAM BAIXA NOS PREÇOS

Cenoura (- 14,40%)

Os níveis de chuvas adequados à cultura da cenoura e o clima quente nas últimas semanas de maio elevaram a produtividade na região mineira e favoreceram a um aumento da oferta, o que refletiu nos preços menores no mercado consumidor.

Tomate verde (- 12,60%) Pelo segundo mês consecutivo, o preço do tomate teve queda, motivado pela produção que melhorou no mês passado, revertendo assim, o comportamento dos preços, que tiveram queda na média dos preços do produto. Tal queda está relacionada a aumento da oferta por conta das condições climáticas mais favoráveis.

Alface (- 12,60%) Aumento da produção, típico para essa época do ano e a queda no consumo no período de inverno, contribuíram para uma redução significativa dos preços.

Abobrinha (- 7,98%) O preço dos alimentos frescos – frutas, legumes, verduras e diversos – caiu 7,91% no mês de maio. O mesmo aconteceu com o preço da abobrinha que teve uma retração no mês devido ao aumento da oferta favorecida pelas condições climáticas e demanda retraída.