É, ser escritor não é fácil. Só mesmo o prazer pela literatura e o prazer de escrever suas ideias, que movem o escritor. Eu diria que escrever é um dos grandes prazeres da vida e ler, é outro.
Alguns podem até dizer que é chique (sei lá), que tem glamour (onde?), que traz fama (cadê?) e que ganha dinheiro (devo rir ou chorar?), porém, a realidade é bem diferente de tudo isso. Para os escritores famosos sabemos que há glamour, fama e dinheiro, mas isso para eles.
No dia a dia do escritor anônimo e independente a briga para conseguir espaço é árdua.
Não adianta ter grandes ideias, muita inspiração e escrever um grande livro.
O problema já começa na hora de produzir/publicar o danado. Existem basicamente, dois caminhos, a editora convencional (comumente chamada de editora comercial) e a editora prestadora de serviços ou, também conhecida, editora independente.
A editora comercial é o melhor caminho, porém, o mais difícil. Já que para ela investir em um livro (principalmente nos dias de hoje), é necessário que você seja conhecido, famoso, nem que seja um famoso que nunca imaginou que sabia escrever. Não importa, para a editora comercial o que interessa é que o livro seja vendido, precisa recuperar o capital investido no livro e o público em geral, tem forte tendência de comprar livro (ou qualquer outra coisa) do artista conhecido, seja ele cantor, ator, dançarino, jogador de futebol e etc…sendo famoso…
Para o escritor, a editora comercial tem vantagens óbvias, ele não precisa investir dinheiro (para o famoso, normalmente é o menor dos problemas) e o mais importante, a editora já tem um relacionamento comercial com grandes livrarias (o que facilita a venda) e ainda promove ações de marketing para vender o livro.
Mas, se não for famoso…, olha meu pobre amigo escritor, para conseguir ter seu livro publicado por uma grande editora comercial não é fácil. Para começar, é difícil encontrar o período em que elas aceitam receber novos originais para avaliação e, quando recebem, a resposta pode durar de 6 meses a um ano. E na grande maioria das vezes (talvez uns 99,9 % das vezes…haha) você recebe um não. Ou melhor, elas nem te avisam que foi recusado.
O segundo tipo de editora, é aquela em que você paga para produzir (e não é barato), entrando aí as revisões ortográfica e gramatical, paginação, desenvolvimento de capa, ilustrações, obtenção de ISBN (o RG do livro) e outros detalhes e fica caro tudo isso.
Em alguns casos, você recebe um certo número de exemplares para vender e recuperar parte do valor que investiu. Mas, vender não é fácil, principalmente se não for famoso…
Tendo o dinheiro necessário para tudo isso fica fácil publicar o livro com esse tipo de editora.
O problema é vender depois. Ah, mas aí é difícil, viu? Tem muita gente com dezenas de livros em casa, entupindo armários, estantes, debaixo da cama e até no banheiro…ha ha. O escritor anônimo tenta de tudo (e agora na pandemia a coisa ficou pior ainda, aliás ficou pior para todo mundo, é claro), fala com a família, com os amigos da família, com os próprios amigos, com os amigos dos amigos e assim vai. Mas, vender que é bom, só mesmo a família para quebrar o galho e alguns poucos amigos. E lá vai o escritor anônimo, expor seus livros nos eventos literários (isso antes da pandemia), montar barraquinhas nas ruas, expor em grandes lojas, grandes comércios, hotéis e por aí vai. Anuncia nas redes sociais, tenta divulgar, tenta fazer a sua parte, mas o retorno é pequeno e o investimento alto. E assim ele segue, um solitário, guerreiro, artista, amante das letras, pseudo intelectual, um louco.
E sem apoio, sem ajuda e em um País onde se lê muito pouco fica difícil.
E não pense que as editoras tem vida fácil, não. A luta é diária e já não basta matar um leão por dia, tem que ser, no mínimo, uns três. Podemos perceber pela quantidade de grandes e boas editoras que, infelizmente, estão fechando.
Enfim, se deseja ser escritor…, sugiro que se torne famoso antes.
Simples assim. Fácil, né?