Tenho muito a agradecer a Deus, sobrevivi à terrível Covid, uma doença que judia muito, deixa sequelas e que já trouxe muitas mortes e sofrimento pelo Brasil e mundo afora.
Me considero um vencedor, pela graça de Nossa Senhora à quem sempre devotei muita fé.
E essa doença é muito esquisita, de repente, aquelas pequenas e bobas coisas do dia a dia me foram retiradas e isso é muito estranho. Sabe aquela vontade de tomar um copo de água? Aí você levanta, vai até o filtro e se delícia com o líquido abençoado, simples, né?
Sabe aquela irresistível vontade de fuçar a geladeira? É tão bom. Ou, quem sabe, o armário, em busca de um pacote de bolacha perdido, ou talvez esquecido? Então.
Sabe a caminhada? Ora bolas, diriam os antigos, qual a complexidade disso?
Sabe aquela coisa tão simples de ir ao banheiro fazer aquela visita necessária? Né?
Ou o ato mais simples ainda que é respirar, o que tem de complexo nisso? Nada, desde que você não esteja conectado à um “concentrador” de oxigênio que determina o quanto vai ser enfiado de ar em seus pulmões.
Ah, a vida. Tão bela de ser vívida e não damos valores as coisas que realmente importam e, só observamos sua importância, quando não a temos. Porque somos assim?
Oh, como é bom ver o movimento nas ruas, ver o pulsar da vida.
Sabe aquele vento no final da tarde, que balança as folhagens enquanto passarinhos fazem bagunça em seu início de busca por um bom local para passar a noite?
Sabe aquelas barulhentas maritacas, que gritam, berram, fazem escândalo e, ás vezes, até irritam? Então, é vida.
Sabe o sol? A chuva? A garoa? Que a gente sempre reclama.
O calor que dá vontade de ficar na sombra e tomar um sorvete, de milho verde ou coco, bem gelado, ou o friozinho que desperta o desejo por um café ou chocolate quente?
Sabe aquele café da manhã na padaria, com ovo frito no misto quente e um pão de queijo para acompanhar? Então, tão bom, né?
Detalhes do cotidiano que passam por nós sem que os valorizemos como devíamos.
Claro, pra que valorizar essas coisas? A busca desenfreada por dinheiro, ou poder, é mais importante. Falar mal dos outros é mais legal, brigar no trânsito é mais emocionante.
Discussões supérfluas e fúteis pelas redes sociais atraem mais atenção dos outros.
Criticar, odiar, se posicionar contra tudo e todos pelo simples prazer de ser do contra, haja amargura e infelicidade.
As pessoas continuam se agredindo, se matando, lavando honras com mágoas que jamais se acabarão, violências gratuitas por qualquer motivo e se esquecem que vai haver um preço, uma dívida que nessa vida ou em outra terá que ser paga.
A lei dos homens falha, a de Deus jamais.
Então, damos valor ao que não tem valor e só nos lembramos de valorizar o que realmente importa, quando as perdemos, nem que seja temporariamente o que, aliás, pode ser uma dádiva, um presente de Deus, uma oportunidade para que desaceleremos e valorizemos o importante. Sim, alguns aproveitam esses momentos difíceis para se melhorar, para evoluir, para encontrar um caminho de paz e aprendem verdadeiros valores da vida, mas infelizmente, alguns se revoltam, querendo saber porque aconteceu com eles e não percebem que tudo pode ser para seu aprendizado, sua evolução.
Pois é, não esperemos lições para aprender, nos antecipemos, pode ser muito melhor.
Agora, que consegui superar essa doença terrível, agora que decido, por mim mesmo, quanto de ar vou mandar para os pulmões, quero tentar valorizar o que merece ser valorizado e, antes de mais nada, agradeço a Jesus por mais uma oportunidade.
E assim seguimos, lutando contra essa triste e terrível doença.