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quarta-feira 25 dezembro 2024
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“Crônicas e Contos do Escritor” – Um dia na praia

Ah, esse pé na areia, esse sol maravilhoso e esse mar infindo. Ah, essa espuma branca, linda, como se estivesse sorrindo pra mim, vem beijar meus pés e embelezar ainda mais esse cenário abençoado por Deus. E essa bela explosão das ondas, sinônimo de felicidade e presença de Deus que alivia o coração e sossega a alma.
Ah, essa minha Ubatuba.

Dias depois de pegar muita chuva na praia, de pegar ruas alagadas, de ver a Osvaldo Cruz ser interditada por causa de queda parcial da estrada e ter que subir pela Tamoios, depois de ver notícias da Rio-Santos com quedas de barreira e de ficar assustado com as terríveis notícias de Angra dos Reis e outras cidades Fluminenses, insisti, teimei e voltei pra Ubatuba para pegar um tempo, essa vez, maravilhoso. Sem chuva, sem nuvens, céu de um azul infinito que faz alegrar qualquer coração, aquele sol que encontro somente nos meus maiores e melhores devaneios, ah, essa minha Ubatuba, como te adoro.

Olha, como não se emocionar com a areia que invade o vão de meus dedos ou com a água fria, porém deliciosa? E esse vento que traz o cheiro da maresia e me enche de prazer? Ou o sabor da água salgada? E o que dizer desse misterioso encontro de céu e mar. Fico horas a observar aquela linha enigmática e, de repente, meu olhar se perde no abstrato e inconsequente tronco de madeira que flutua despreocupado com as vicissitudes da vida.

Tem um barquinho (ou será um grande navio?) cruzando o horizonte sem se preocupar com o que ocorre lá na areia. Eu o vejo, mas ele não me vê. Apenas uma inconsequência explicada pela física.

Olho para a areia repleta de mesas e pessoas e é divertido passear o olhar pelo colorido das esteiras, guarda-sóis e cadeiras de praias. Mas, observando algumas pessoas, sou sincero, não sei como conseguem ficar torrando e virando no sol ardente, parecendo um frango girando na máquina de assar.

Oh, meu Deus do céu. Bom, cada um com suas manias e prazeres.
Infelizmente, às vezes, o prazer de alguns extrapola o direito dos outros. Tem gente que adora ouvir som alto, sempre com aquelas letras de gosto e qualidade musical duvidosas, claro. Estranho seria se fossem músicas de qualidade.
Esses mal-educados e desprovidos de senso de civilidade, acreditam que os outros são obrigados a ouvir aquela coisa…ops…música (?????).

Enfim…vamos para as coisas boas como, por exemplo, comer uma deliciosa e cheirosa porção de camarão, bem em frente ao mar. Oh, cheirinho…hummm.
Já reparou que o camarão na praia é mais gostoso?
Espeto o petisco, mas paro o palito no ar enquanto vejo uma criança abocanhar um pastel afoitamente, outra olha fascinada para a espiga de milho cozido, outra chora observando a mãe demorar para tirar a embalagem do sorvete, enquanto uma senhora suga com devoção o canudo da água de coco. E no meio de minhas observações, mastigo meu camarão com prazer e, com um sorriso estampado, vejo uma pipa subir no fundo azul do céu. Essência da liberdade, areia, sol, mar, céu azul e pipa. O que mais posso querer? Obrigado meu Deus.

Dois garotos rolam na areia com um pequeno e alegre cão e observo, um pouco mais longe, um garotinho, quase um bebê, cair pela violenta força da onda que chega ao seu calcanhar e a mãe corre para proteger o rebento.
E assim o dia segue na praia, o fim de tarde se aproxima e um senhor ronca, absurdamente, em uma esteira próxima. Será que bebeu demais? É provável, considerando o olhar do jovem que o acompanha, deve ser o filho e parece tão bêbado quanto o pai.

E, lá na frente, uma mulher arruma as coisas, é hora de ir embora e espero que, como na vinda, o trânsito na Osvaldo Cruz esteja fluindo, mesmo que seja com meia pista, na chata operação de pare e siga.
Olho para o mar e me despeço, mas, sei que logo estarei de volta.
E consigo ficar longe?
Oh, minha Ubatuba!