Resolvi fazer um balanço sobre meus, sei lá quantos, dias de quarentena e descobri que a minha casa é muito legal, aconchegante e o melhor lugar do mundo.
Aprendi a lavar as mãos corretamente (estava na hora, né?), aprendi a usar o álcool gel e percebi o quanto é difícil higienizar frutas e legumes, ah, mas que coisa chata.
Bom, na quarentena me recuperei da cirurgia, e quando achei que as coisas já estavam nos eixos, eis que os pontos internos infeccionaram e sofri um pouco, mas só um pouquinho, nada que não pudesse suportar e nada que duas caixas de antibiótico não pudesse resolver.
Ainda na parte das tragédias, a coluna deu o ar da graça, travou, e tive que me arrastar pela casa por uns dias e também nada que 12 frascos de Arnica, 22 comprimidos de Voltarem e 52 doses de Dipirona não pudessem resolver, mas, teve o lado bom, descobri que preciso trocar meu colchão, primeira compra para o pós quarentena.
Bom, nesses dias, fui 12545 vezes até meu quarto, 8500 vezes na sala e sentei no sofá 8499 delas, fui na cozinha 10000 vezes e abri a geladeira 9999. Andei 495 quilômetros no meu corredor e descobri que tem um cantinho ocioso ao lado da casinha do gás e cabe um vaso de plantas lá, segunda compra pós quarentena.
Indo para a parte gastronômica, aperfeiçoei meu macarrão alho e óleo, com muita cebola e alho, é lógico e, finalmente, consegui fritar ovos sem quebrar a gema, u-hu! Feito inacreditável e, prometo, que, no próximo, vou tirar uma foto.
Ah, mas incrementei minha carne moída, ficou supimpa acrescentando três ovos em um kilo e meio de alcatra moída, tudo bem que depois de uma semana comendo isso, eu e meu filho não aguentávamos mais olhar para a tal da carne moída, acho que vai levar uns seis meses para comer de novo.
E, olha só, aprendi a fazer o sofisticado, chique e complexo doce chamado gelatina, diet, é claro. Oh, felicidade, até o momento, acho que já fiz umas quinze caixinhas, putz, que doce bom. A cada travessa feita, olho com orgulho a minha realização.
Ah, por absoluta sobra de tempo, descobri que tenho 25 copos de vidro, 7 canecas e 9 pratos em casa, não sei porque, afinal, só eu e meu filho. Descobri também que tenho 10 garfos, 10 colheres e 8 facas, mas não me pergunte porque o número de facas é menor.
Descobri que no fundo do freezer havias iscas para pescar e faz dois anos que não pesco, afff.
Arrumei a bagunça das três gavetas do criado mudo, das gavetas de roupas e tinha coisa lá que nem me lembrava e, é claro, não me servem mais, acho que encolheram dentro da gaveta, nunca vi isso. Doação para o pós quarentena. Mas, estou em dívida, o meu amigo guarda roupas ainda não consegui arrumar. Arrumei meus livros, reencontrei meus LPs, há alguns anos desaparecidos, pena que o aparelho de som não funciona mais. Conserto para o pós quarentena. Mas, olha que legal, descobri que, em frente de casa, passam em média, por dia, 42 motos fazendo barulho, que delícia.
Ah, terminei de escrever um livro, Leões, espetacular, achei maravilhoso, haha, espero em breve publicar e estou quase terminando outro, A Chave do Poder, escrevi 12 contos, 16 colunas para o Diário de Taubaté, fiquei classificado em quinto lugar em um concurso literário da editora Planeta Azul, aliás, em breve vai sair em e-book. Ah, e estou participando de quatro outros concursos cujos resultados saem nos meses de Maio e Junho, se ficar bem colocado aviso, agora se for mal, vou ficar bem quietinho, ok?
Fiz alguns serviços para o escritório que trabalho, da minha irmã querida.
E teve mais coisas boas nessa quarentena, aprendi a falar sozinho, é muito legal. Recomendo.
Fiquei longe das notícias desagradáveis e procurei focar em coisa boas, recomendo também.
Ah, e olhei muitas vezes para o céu azul, esperando, esperando, esperando o fim da quarentena.
“Crônicas e Contos do Escritor” – Um balanço da quarentena
abr 23, 2020RedaçãoCrônicas e Contos do EscritorComentários desativados em “Crônicas e Contos do Escritor” – Um balanço da quarentenaLike
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