Graças a Deus, está acabando esse ano atípico, sem graça, sem sal, assustador e perigoso.
Ano que trouxe a terrível pandemia, o distanciamento social, trouxe falta de calor humano, doença, dor e sofrimento para muitas famílias que perderam entes queridos.
Ano em que aprendemos a usar máscara (nem todos, infelizmente), aprendemos a usar álcool gel e descobrimos que não era saudável apertar as mãos, abraçar, beijar, mas e agora?
O Brasileiro, sempre muito efusivo teve que aprender a se conter, o contato pessoal se tornou perigoso e acabou-se o tempo em que a reação à um espirro se limitava a dizer “saúde”.
Ficar perto de quem está tossindo? Nem pensar. Tudo isso é muito estranho.
Chegamos ao cúmulo de ver uma notícia sobre a agressão à uma pessoa que tossia em um restaurante. Segundo informações posteriores, o homem havia apenas se engasgado.
Mas o que é isso? Em que ponto chegamos?
Ano que nos tirou a alegria, nos deixou preocupados e trouxe óbitos de pessoas queridas.
Ano em que fomos impedidos de nos relacionar, de ver um bom filme na telona, de dançar, de tomar um sorvete, de ir à academia, à escola, assistir um show, ir à praia, fazer um churrasco com amigos ou, simplesmente, ir ao supermercado ou andar na praça.
Ano que fechou o grande ou pequeno comércio, parou empresas, fechou escolas e faculdades, parou o mundo.
Mas, não nos impediu de votar. Durante muitos meses fomos bombardeados pela frase “Fique em casa”, porém, na época da eleição, propagandas nos incentivava a votar, diziam que era seguro, oh meu Deus do céu, para votar pode sair de casa, né?
E, para piorar, em várias cidades, inclui aí a minha Taubaté, ainda teve o segundo turno. Mais gente usando os mesmos espaços, usando as teclas que outros acabaram de utilizar. Respirando, na boca da urna, o ar que alguém havia acabado de deixar. Apenas rezamos para que o indivíduo anterior não tenha tirado a máscara no momento de votar.
Tudo muito estranho, não posso ir à padaria, mas posso votar. Não posso fazer a economia girar, mas posso votar. Estudantes não podem ir às escolas, mas devemos cumprir nosso dever cívico (Hã???) e votar.
E lá fomos nós para a festa da democracia (de novo…Hã???) e votamos. Parecia que a pandemia estava controlada. Algumas horas depois a magia da urna eletrônica nos brindou com os resultados e, antes de dormir, já sabíamos quem tinha ganho ou perdido.
Elegemos vereadores e prefeitos e, no dia seguinte? Advinha o que aconteceu?
O que já era esperado, a pandemia voltou (logo no dia seguinte ao segundo turno da eleição) os casos haviam disparado, UTIs lotadas e lá vamos nós, mais distanciamento, nada de ir à escola, à praça, à praia, ao cinema e muitas ´proibições mais.
Ainda bem que, pelo menos, pudemos votar. Me diz aí, à quem devo agradecer isso?
E, em pleno período de Natal ouvimos dizer que era proibido se reunir para a ceia em família, ah, sim, mas votar pode, é claro!
No meio de tudo isso, promessas vazias com datas de vacinação, sem que a vacina estivesse aprovada pelo órgão competente.
No meio de tantas limitações, dores e sofrimentos ainda tivemos que assistir, pasmos, a ridículas brigas políticas, protagonizadas por pessoas mais preocupadas em se auto promover do que cuidar da população.
Enfim, um ano difícil que nos fez repensar muitas coisas e, talvez para alguns poucos, tenha trazido ensinamentos, mas a custa de um sofrimento que nunca poderíamos imaginar possível de acontecer.
Que venha 2021, com vacina aprovada e um ano muito melhor que 2020 que, aliás, não vou sentir saudades. Tchau 2020.