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sexta-feira 29 novembro 2024
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“Crônicas e Contos do Escritor” – Tão fácil ser feliz

Às vezes é difícil separar a realidade, do sonho, da utopia ou, ainda, da loucura, insanidade.
Então, não sabia se era uma realidade ou não, só lembro que olhei pela janela e o sol já brilhava bonito às seis da manhã. Pulei da cama, saí para respirar o ar puro e me vi caminhando por uma bela praia. Ondas pequenas, brisa morna, salgada, deliciosa, o tempo parecia haver parado e o pensamento fugiu para longe, talvez outro mundo, outra dimensão.
Um mundo desconhecido, tranquilo, suave, havia tanta coisa bonita, sol, vento, ondas, areia, praia, sossego…Que mundo era aquele?
Olhei para a mágica linha do horizonte, um barco, grande ou pequeno? Impossível imaginar o tamanho, mas o que importa? Em meus pensamentos, imaginei o maravilhoso visual de lá, quanta beleza, quanta água, quanto silêncio e quanta vida naquele mar infindo.

Próximo a mim, pássaros voavam e davam rasantes na água, alguns mergulhavam e saíam com um peixe, como prêmio, no bico. Aquele voo alegre me fez abrir um sorriso e ter certeza de que a vida é bela e merece ser vivida intensamente.

Não resisti a beleza daquele momento mágico e sentei em um banco, de frente para o mar, observando o sol, o mar, o horizonte, as ondas, os pássaros, a espuma que se formava quando as pequenas ondas se quebravam na areia. Respirei o vento matinal com cheiro de mar. Momento único de pura felicidade e de encontro comigo mesmo.

Naquele momento uma felicidade enorme me invadiu e descobri como é fácil ser feliz, basta se transportar para aquele mundo maravilhoso, sentar em um banco, respirar fundo, relaxar e admirar a beleza ao redor. Naquele mundo, naquela dimensão, a felicidade estava em todo lugar, na praia, na paisagem da estrada, no voo de um pássaro, no sorriso de uma criança, no beijo apaixonado…

Imaginei qual seria aquele mundo, em que era tão fácil ser feliz.

Bem longe, a minha frente, um galho de árvore boiava ao sabor das ondas e fiquei observando, inebriado, as ondas passarem por ele. O galho subia e descia e a cada momento se aproximava mais e mais da praia, sem se preocupar com a vida ou com o que acontecia ao redor do mundo. O galho apenas boiava. E eu ali a observar um pequeno pedaço de madeira…

Os gritos dos pássaros me chamaram a atenção e olhei para eles, depois para dois cachorros que corriam pela praia e se atracavam…, se soltavam, corriam e se atracavam novamente, em uma divertida brincadeira.

Meus olhos foram, então, atraídos para duas crianças que brincavam felizes sob o atento olhar da mãe que acompanhava o alegre correr das crianças.

O barco ao longe, seguia seu caminho. Ele via muito que eu não via, mas eu também via o que ele não podia ver, como a brincadeira dos cachorros, a felicidade das crianças, o pedaço de árvore, aqueles pássaros…, e a vida seguia e eu sentado ali, desfrutando o meu momento de felicidade, ainda sem saber em que mundo estava, sem saber se era sonho, loucura, ficção ou, simplesmente, a realidade que, às vezes, não conseguimos enxergar.

Uma felicidade, talvez, tão próxima e atingível mas que, tão poucos conseguem desfrutar.

Lógico, talvez tenhamos que nos transportar para outro mundo, para aquele mundo em que eu estava agora. Então, levantei do banco, consciente que aquele tão estranho mundo estava muito mais perto do que podia imaginar, ele estava dentro de mim. Bastava olhar para dentro.

Eu me dei conta que já estava á quase uma hora desfrutando do meu inesquecível momento de felicidade. Levantei e recomecei a minha caminhada pela praia…pensando no próximo beijo apaixonado, ouvindo o barulho das ondas.

Tão fácil ser feliz…