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domingo 17 novembro 2024
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“Crônicas e Contos do Escritor” – Relax ou stress no feriadão?

E o sete de setembro passou, graças a Deus. Mas, nos dias que antecederam, a expectativa era grande com o feriadão chegando, quem não queria uma viagem pra relaxar. Bom, né?
Um pulo até a praia, sol, mar, areia, natureza, brisa, tudo de bom, certo? Então…, e para o taubateano falou em praia, o que vem à cabeça? Ubatuba, é claro!

Na terça-feira, 05 de setembro, dia de comprar os mantimentos. E bota aí o molho de tomate, a carne moída, salsicha, macarrão…, afinal, macarronada à bolonhesa com salsicha, é tudo de bom. Não pode esquecer os petiscos, um pouco de arroz, açúcar (ou adoçante) e as carnes para o churrasco. Afinal, ir para Ubatuba e não fazer um churrasco no final da tarde, não é Ubatuba. Ah, não pode esquecer o principal, as caixinhas de Heinekein, é claro. E aproveita para encher o tanque do carro, calibrar pneus, checar se as luzes de alerta, de freios e faróis, estão funcionando perfeitamente. Verificar óleo e água. Tudo perfeito, tudo comprado, carro verificado, então, na quarta-feira é dia de arrumar as malas, as tralhas e muita expectativa para um belo feriadão, certo? O tempo está bom, a noite de quarta-feira está perfeita. O feriadão promete. Muita cerveja, muita água salgada, muito sol, natureza, muito relax, tranquilidade e paz. Momento de recarregar as baterias, esquecer o trabalho, o stress, os problemas.

Na quinta-feira, 07 de setembro, levantar bem cedinho, por volta das seis da manhã, para evitar congestionamento. É só tomar um café rápido e carregar o carro. Epa! Tem bagagem para um mês e são só quatro dias, no domingo, 10 de setembro, estaremos de volta, mas tudo bem.

Os atrasos naturais de toda viagem, coisa pra cara…mba pra fazer. Quase oito da manhã e ainda não conseguimos sair. Tudo bem. O coração um pouco acelerado, a ansiedade aumentando, mas tudo sob controle. O importante é se divertir, relaxar.

Oito e meia da manhã e, finalmente, vamos sair. Bom, antes tem aquele xixizinho básico para pegar a estrada tranquilo e vamos embora na direção da Osvaldo Cruz. Cruzo a Dutra, mas o que é isso?

Trânsito logo depois da rotatória? Bem no comecinho da Osvaldo Cruz (ali já chama Osvaldo Cruz? Sei lá!). Mas, tudo bem, deve ser trânsito de moradores dos condomínios e bairros no entorno da estrada. Daqui a pouco melhora. Não melhorou. E o congestionamento segue e, não sei porque, a quase todo o momento a fila de carros para. Mas, porquê meu Deus?

Sol quente, desconforto, trânsito lento, sede, a fome começa a chegar, mas tudo bem…, nada de ficar nervoso, irritado. Vamos a praia para relaxar, certo?

A estrada vai passando lentamente, as horas vão passando rapidamente, já estou com vontade de ir ao banheiro e ainda não chegou nem a serra. Mas, tudo bem. Só quero descansar, relaxar.

Motoristas incompetentes tornam a descida da serra um inferno e quatro horas depois de sair de casa em Taubaté, chego no apartamento em Ubatuba. Ufa! Quase fazendo xixi nas calças…

Ubatuba lotado, nas ruas apertadas da cidade o trânsito não flui e, todo dia, quase duas horas e meia para chegar à praia e não encontra lugar para estacionar e nem sequer um lugar sossegado para ficar. Som alto. Oh, meu Deus. Não tinha sido proibido? Preços caros, absurdos, mas tudo bem, estamos na praia para relaxar. Criança chora, cachorro late, mulher grita, alguém reclama que a bola de futebol derrubou a cerveja, mãe gritando com os filhos. O salva vidas apita, correria, tem alguém se afogando, todo mundo desesperado. Ao lado uma mulher xinga o marido bêbado e fala que é para ele parar de olhar nos biquínis das moças. Ele só gosta de observar a variedade de cores e formatos dos biquínis, só isso. O cara, bêbado, resmunga, xinga, ela retruca e se inicia uma DR. Saio dali, vou para mais longe, não quero presenciar briga de casal. Só quero descansar, relaxar. Fim da tarde, volto para o apartamento, mais duas horas e meia para voltar da praia, mas tudo bem. Estamos ali para descansar e relaxar. Fila para a padaria e açougue. Supermercado então? Nem pensar e dia após dia, o sofrimento é grande e tudo o que eu quero é a tranquilidade da minha Taubaté. Lá eu consigo descansar e relaxar.

Domingo, 10 de setembro, a volta para casa. Só tranquilas e relaxantes dez horas de estrada para chegar a minha casa e, pensar que tudo o que eu queria era descansar e relaxar.
E ainda ouço alguém comentar que não vê a hora de chegar o próximo feriadão.

Só se for para ficar em casa.