Nessa terça-feira, pouco depois das oito da manhã, parei em frente à garagem, acionei o portão eletrônico, entrei e fechei. Estava cansado, vindo do pilates e ansioso por um banho para relaxar.
Entrei em casa e, como de costume, fui acendendo as luzes pelos cômodos que passava. Quando estava prestes a entrar embaixo do chuveiro, a luz do banheiro e, lógico, da casa inteira, se apagou. Queda de energia.
Que beleza! Pensei. Algum cachorro fez xixi no poste.
Bem na hora do banho. Não vou tomar banho frio à essa hora, né? Bom, deixa pra lá…, vou tomar meu café primeiro e, enquanto isso, quem sabe, a energia volta e depois tomo meu banho.
O dia já estava claro, é lógico, mas ainda assim fez falta a luminosidade artificial das lâmpadas, mas tudo bem.
Tento acender o fogão e, inicialmente, achei que o botão da ignição não estava funcionando, aí lembrei que não havia energia elétrica. — Droga!
Lá vou eu procurar a caixa de fósforos. Pego uma fatia de pão de forma e caminho para a sanduicheira. Ops! Não tem energia, esquece o pão de forma tostado. Vamos aquecer no micro-ondas…, que nada. Sem energia!
A água ferveu, coloco o café solúvel (que para muitos não é café de verdade, mas eu adoro), coloco o adoçante e.., oh, saudades do bom e velho açúcar. Passo manteiga no pão de forma, frio mesmo, e lá vamos nós degustar o coffebreak. Óh! Que chique!
Ligo o notebook. Vamos escrever um pouco enquanto tomo o café. Mas, minha cozinha não é clara o suficiente e está ruim para escrever. Esquece. Vamos de televisão, ver as notícias e…, putz! Esquece a televisão.
Está quente e olho desanimado para o ventilador de teto que, sem dizer nada, me olha de volta, absolutamente inerte, como se estivesse a pedir desculpas.
Faço uma careta, então, me dei conta o quanto a energia elétrica faz falta. O quanto criamos dependência dela.
Aliás, não é só da energia que criamos dependência não. Por acaso, alguma vez o gás acabou (sempre acaba quando você vai cozinhar, porque será?) na hora do almoço e você não tem a cota reserva? Liga para o delivery pedindo para trazer o botijão sabendo, agoniado, que em menos de uma hora não chega.
Você fica que nem barata tonta pensando como vai preparar o almoço e olha para o micro-ondas como um verdadeiro salvador da pátria.
E quando a água acaba então? Que agonia. Rezando para voltar logo antes que a água da caixa acabe também. É um desespero só.
Ah, mas acho que o pior de tudo é a bateria do celular. Putz, que raiva quando acaba. Devia ter uma bateria que funcionasse sem precisar de recarga.
Bom, estou quase terminando de tomar meu café quando me lembro de algo terrível. Como vou tirar o carro da garagem? O eletrônico não está funcionando e só Deus sabe onde está a pequena chave que libera o portão eletrônico para o manual.
Bom…, vou tentar manobrar o carro para sair pelo outro portão, o manual. Minha garagem não é grande, então, nada que uma meia hora virando o carro para lá e para cá não resolva. Oh, meu Deus do céu! Espero que a energia volte antes dessas manobras.
E, depois de tudo isso, fico sabendo que foi um inexplicável apagão no Brasil.
Haja paciência com esse Brasil!