Sabe, me lembro desse objeto sobre a geladeira desde a minha infância. Olhar para ele traz lembranças e saudades de tempos passados, diferentes, muito bons, e que deixamos para traz e, às vezes, até ficamos em dúvida se os curtimos em toda a sua intensidade e, ainda assim, acreditamos que eram melhores do que os tempos de hoje.
Talvez não, acho que a gente sempre considera o passado como algo melhor e acabamos nos esquecendo das coisas boas do nosso presente e quando chegamos no nosso futuro, olhamos para nosso passado, o presente de hoje, como algo maravilhoso e que não volta mais e sentimos saudades e assim vai. Sempre considerando o passado melhor quando, na verdade, se olharmos com atenção, veremos muitas coisas boas no nosso presente.
Mas, voltando aos doces pinguins de geladeira, que esteve presente praticamente em todas as casas, hoje nem tanto, apesar que, o antigo objeto de decoração começa a ressurgir depois de quase ter desaparecido no início dos anos 2000. Nos dias de hoje, são queridinhos vintage de decoração dos mais estilosos ou, como diriam os mais jovens, dos mais antenados.
Nas casas, cujas decorações são mais ousadas e divertidas, os danadinhos pularam de cima da geladeira, saíram da cozinha e foram tomando conta de tudo. Tem pinguim sobre a mesa da sala de jantar, tem pinguim na mesinha de centro da sala, na almofada, tem pinguim nas canecas de chocolate, nas de café, nos saleiros, no copo de cerveja e já vi um adesivo de pinguim na parede próxima à churrasqueira. Pode isso? Tudo a ver, né? Mas pode sim, pode até onde a imaginação vai. O pinguim é seu e você coloca onde quiser (olha aí, cuidado com a mente suja) e por aí vai…até onde a imaginação ousar.
Mas, nessa onda de ressurgimento dos famosos “pinguins de geladeira”, tive curiosidade em saber como esse danadinho surgiu e como ficou tão famoso. E, olha só, que interessante.
Tudo começou, lá nos anos 50, com uma certa marca de geladeira, muito famosa na época, a Kelvinator (que, aliás, nunca ouvi falar) que queria diferenciar o seu produto dos armários de cozinha que tinham cores muito parecidas e, então, colocou um pinguim sobre os exemplares a venda. O pinguim fez tanto sucesso que algumas lojas começaram a ofertar a estatuetinha do bichinho como brinde e o pinguim passou a ser objeto de ostentação, olha só.
Sucesso maior ainda e todo mundo passou a desejar o bichinho em cima da sua geladeira. Logo, as empresas, com grande visão comercial, passaram a produzir a estatuetinha separadamente e colocar a venda no comércio em geral, como lojas de eletrodomésticos, lojas de decoração, shoppings e até feiras de rua. Pronto! Todo mundo amou os pinguins, todo mundo comprou, todo mundo passou a ter um pinguim sobre sua geladeira.
E, tenho certeza, nos dias de hoje, quase todo mundo viu um pinguim sobre a geladeira na casa da bisavó, na casa da vó e na casa da mãe. O danado do pinguinzinho fez parte da infância de todos. E continua fazendo sucesso, como disse, voltou com força na decoração das casas.
E o sucesso do pinguim é enorme, quem não gosta de ver o jeitinho engraçado que o animal real caminha? Quem não assistiu a luta do batman contra o pinguim?
E, para se ter uma ideia da força da imagem do pinguim, Holywood já se rendeu ao bichinho e o homenageou em grande estilo com o, por exemplo, filme da Warner Bros, de nome “Happy Feet”, no qual o grande protagonista era um cativante pinguim dançarino.
Sabe, tem muitas coisas que nos traz o passado de volta como, por exemplo, os velhos (e chatos) despertadores, as cortinas de tiras coloridas (que diziam impedir a entrada de moscas, também, imagine o que aquilo não deveria ser assustador para as coitadas das moscas?), os velhos telefones com seu tradicional “Trimmmm”, as fitas cassete, os famosos bolachões, os rádios enormes, os sofisticadíssimos aparelhos de som 3 em 1, 4 em 1 e por aí vai.
Mas, os pinguins de geladeira ainda me trazem um ar de casa da vó.
Bom, espaço acabando, vou lá tirar o pó do meu pinguim de geladeira.