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sexta-feira 27 dezembro 2024
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“Crônicas e Contos do Escritor” – Pandeiros e tamborins

E amanheceu a quarta-feira de cinzas. O carnaval foi embora.
Acabou o estranho (e triste) carnaval. Um carnaval em que as serpentinas não foram desenroladas e nem os confetes foram jogados. A eterna e divertida brincadeira das crianças de jogar os pedacinhos coloridos de papel para o alto ou uns nos outros, não aconteceu.

Um triste carnaval em que as águas do carnaval não rolaram (só chuva, e que chuva!), nem mesmo na cidade maravilhosa, coração do meu pobre Brasil e cheia de encantos mil.
Um carnaval sem samba, sem alegria. Carnaval sem cantar que cachaça não é água não.

Allah-la Ô, mas que calor. Não atravessamos o deserto do Saara, acho que ainda estamos nele e se a canoa não virar, eu chego lá (será???). Pode remar, remador. Mas, ainda acho que deve remar muito, que a coisa tá feia, muito feia. Ô, abre alas, que eu quero passar…se, pelo menos, a Aurora fosse sincera, veja só que bom que era…

Um carnaval sem pierrots e colombinas e o saudoso e misterioso máscara negra terá que esperar mais um ano e pede bandeira branca para essa pandemia, afinal, não podemos mais. Bandeira branca, não podemos mais, então, pedimos paz.

Viu, senhor Putin? Aliás, palavrão agora é chamar alguém de filho de putin. Óia!!!!
Um estranho carnaval em que os pandeiros e tamborins permaneceram em silêncio, tristes, por essa pandemia que insiste (assim como putin) em tirar o sossego, a paz. Permaneceram quietos, acabrunhados, atendendo o bom senso de carnavais cancelados. Mas, desinformados (ou mal informados) por mídias cujos interesses vão além da compreensão, se perguntam sobre o público nos estádios de futebol, se perguntam sobre o povo aglomerado em shows, missas e cultos. Se perguntam sobre as festas clandestinas. Ah, tamborim, não pergunte, também não sei, parece que nas praias também não se pega COVID.

Poxa, só no carnaval? Sim. Para deleite daqueles que não gostam de carnaval.
Pelo visto, há muitos mais do que mil palhaços no salão.
Chora arlequim, chora no meio da multidão. Acho quer vou chorar também.
Um triste carnaval, sem escolas de samba, sem blocos ou o povo na rua, sem trios elétricos, sem a eterna alegria do povo.

As fantasias permaneceram guardadas, escondidas (talvez envergonhadas, com tanta cara de pau, com tanta hipocrisia), lá no fundo do armário, aumentando o cheirinho de “guardado” para o ano que vem. Mais um ano…
No carnaval de 1989, a escola de samba Beija-flor cantava, acompanhada de uma bateria nota 10, o samba de nome

“Ratos e urubus, larguem a minha fantasia”. E, nos dias de hoje gritamos Ratos, urubus e morcegões, larguem a minha vida. Que tal sumirem para nunca mais?
Ah, aproveitem e levem a pandemia junto. Vão de mãos dadas, não vão deixar saudades.
E acabou o carnaval. Qual carnaval? Onde?

Ah, mas o que acabou foi só a festa profana, porque o que mais vemos por aí é safadeza no dia a dia. O engraçado é que esse “carnaval”, parece não incomodar certas mídias. Haja carnaval em Brasília e o pobre povão ainda acha que carnaval bom é no Rio, Olinda, Recife ou Salvador.

Ah, para com isso, carnaval mesmo é em Brasília. Oh que festa…muito mais do que profana. Aliás, lá, está cheio de filhos de putin, ops, o que quero dizer que é que está cheio de fantasias de filhos de putim…HA HA HA HA HA.

E como dizia Moacyr Franco na música Turbilhão:
”A nossa vida é um carnaval, a gente brinca escondendo a dor…”
Ratos, urubus e morcegões, tirem suas fantasias e mostrem a cara e, em seguida, larguem Brasília, larguem o Brasil.
Ah, podem levar o putin também.

E a festa profana boa, se foi, deixando um gostinho amargo na boca da alegria.