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quinta-feira 21 novembro 2024
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“Crônicas e Contos do Escritor” – Ônibus

E vamos de conto do cotidiano?
É segunda feira como outra qualquer, sete e trinta da manhã e estou morrendo de sono, sentado no banco do ponto de ônibus. Uma semana inteira, pela frente, ônibus, serviço e casa…, e assim vai. Na segunda e em todos os dias. Quero meu fim de semana.

O ônibus vai passar daqui á cinco minutos, mas antes um senhor, olhando celular, vai atravessar a rua em direção ao ponto de ônibus, ah, e tem aquela moça que passa com shorts bem curto e blusa amarrada na cintura (porque elas amarram blusa na cintura?) vai passar correndo pela calçada do outro lado da rua. Toda manhã passa por aqui se exercitando. Mas, que diabo ela não trabalha, não? E o que tenho eu a ver com isso? Mas, como consegue praticar exercício neste horário?

Então outra moça vai aparecer correndo. Só que é diferente, corre para não perder o ônibus, todo dia sai de casa atrasada. E, também, vai passar, calmamente, aquelas duas senhoras que, provavelmente, estão indo até a padaria comprar pão. Que beleza! Não precisar pegar o ônibus para trabalhar e, olha, no mesmo ponto que o meu, duas adolescentes vão tomar o mesmo ônibus e vão descer próximo ao colégio. E, como todos os dias, estarão falando de namorados ou vendo vídeos no celular, oh, bendito aparelho!

E lá vem o senhor…, olhando o celular. Para na beira da calçada, dá uma olhada para rua e começa a atravessar e, antes que termine de atravessar, já está ao celular novamente. Ainda bem que é uma rua tranquila, senão, qualquer dia eu iria presenciar um atropelamento. Fico imaginando em que trabalha? Será que tem bom salário? Será que é feliz? Duvido! Toda a manhã, tenho a impressão que está cansado, desanimado ou de saco cheio. Será que é casado? Coitado! Deve ter saudade da vida de solteiro. Será que é solteiro? Coitado! Deve estar louco para casar…, deve estar entediado de morar sozinho.

A moça, com shorts e blusa amarrada na cintura está vindo, mas olha só! Está acompanhada, tem um fortão acompanhando a bonitona, isso é novidade! Sempre passa sozinha, será que é o namorado? Marido? Não! Marido não deve ser, afinal, olha para ela todo sorridente e, além do mais, é a primeira vez que o vejo. Se fosse marido, estaria sempre com ela.

Ah, bem que falei, lá vem a moça toda esbaforida para pegar o ônibus. Acalme-se moça! Até que hoje não está tão atrasada. Onde será que trabalha? Departamento administrativo, ou, sei lá,…, gerente de loja? Advogada? Médica? Engenheira?
Sei lá…, será que está contente com o serviço? Será casada? Tem namorado? Não é linda e muito menos feia.
Olho para outro lado da rua, as duas senhoras já passaram. Devem estar indo comprar pão e falando da novela ou reclamando do marido, da vida, ou, como eu, falando da vida dos outros.

As duas adolescentes que estão sentadas ao meu lado, olhando o celular e falando sobre os garotos, se levantam e anunciam que o ônibus está chegando, ele para ao lado do ponto e todos entram. O motorista, como sempre, diferente de muitos, com cara de poucos amigos, responde com um grunhido. Será que realmente acha que aquilo é um cumprimento?

O ônibus segue da mesma maneira que vai seguir amanhã, depois e, de repente, não é mais inicio de semana, é sexta feira e estou entrando no ônibus. Tudo passou tão rápido e tão igual. Que bom, amanhã é sábado e vou poder dormir até tarde. Depois vou ao supermercado e, em seguida, estudar. Á noite, estou tão cansado que resolvo dormir cedo.

Que bom, é domingo. Vou estudar mais um pouco que as provas estão chegando…, Epa! O radio relógio está tocando…, já é segunda feira de manhã e tenho que me apressar para não perder o ônibus.