Bom, lá vou eu pegar a estrada velha Taubaté-Pinda (acho que é Rodovia Amador Bueno da Veiga) em pleno feriado do aniversário da minha querida Taubaté, no dia 05/02, última quarta-feira. Mas quem foi que disse que Corretor (e Escritor) tem feriado? Enfim…, sigo em frente com sol amarelo, dia claro, lindo. Tenho que reconhecer o visual é bonito, mas naquele começo, pista única, chato demais. Tem carro lento na frente, mas o que é que se pode fazer, né? Não tem como ultrapassar e nem adianta reclamar, vamos lá. Abro as janelas, ar-condicionado faz falta, sinto o vento não muito fresco no rosto, cadê o frescor da manhã?
Uma moto força uma ultrapassagem no carro lento, inventando, criando, um espaço inexistente, acaba levando uma fechada, claro, como o motorista do carro vai perceber que tem um motociclista desafiando a lei da física e querendo colocar dois corpos no mesmo espaço ao mesmo tempo? O motociclista, se achando com todo o direito, esbraveja, faz movimento com os braços e sinais mal-educados com a mão esquerda.
Cadê a educação desse povo? O motorista do carro que apesar de lento é bem-educado (pelo menos esse), desacelera, encosta o carro para dar passagem aquele que se acha o dono da rodovia. Atrás, sigo quieto observando a cena. Chego ao viaduto que antecede ao bairro da Gurilândia e olho no horizonte lá na minha frente. Parecem nuvens escuras que ameaçam cair em uma chuva torrencial. Olho em volta, termino o viaduto, a moto do motociclista mal-educado e encrenqueiro sumiu. O vento continua quente e minutos escorrem no meu marcador de tempo da marca oriente. O vento aumenta, tem mato nas laterais da pista. Um motorista retardado, desta vez de carro, faz uma ultrapassagem proibida e muito perigosa e eu tenho que pedir socorro ao acostamento para que o animal possa passar. Cadê a consciência desse povo? Será que esse sujeito não percebe que pode causar um acidente, se matar e, pior, matar alguém que está dirigindo conforme as leis do trânsito?
Algumas nuvens brancas desafiam o sol e se arriscam no céu azul. Bateu uma brisa um pouco mais fresca e um animal atravessou a pista. Acho que é um coelho, não consegui ver direito, e pensei na inocência do pobre animal, sem se preocupar com os motociclistas e motoristas arrogantes, maldosos, irresponsáveis e incompetentes.
Olho para o horizonte longínquo e as nuvens pretas ainda estão lá. As brancas sumiram, envergonhadas pela intensidade do azul no céu. Há abutres voando e, preocupado, pensei no coelho que vi agora a pouco (se é que era um coelho).
Carros indo para Taubaté, alguns correndo, outros nem tanto. Carros grandes, pequenos, um ônibus, dois caminhões.
Olho no retrovisor e vejo vários carros indo para Pinda, como eu. Povo que não sossega, tem sempre muitos alguéns indo e outros tantos vindo. Agora são pássaros que cortam o céu, não consegui ver quais são. Termino de passar o trecho que enche com as grandes chuvas. Pinda está logo ali, minha vida continua, estou chegando para meus afazeres e a estrada continuará igual, com seus motociclistas e motoristas, em sua maioria sem-educação. O coelho vai continuar se arriscando. As nuvens continuam ao longe, outras brancas voltam a desafiar o sol, talvez não tenham conhecido a história de Ícaro.
Mais abutres, mais pássaros. Mais carros chegam e saem de Taubaté. Mais carros saem e chegam à Pinda. E a vida segue e continua na estrada velha Taubaté – Pinda.