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segunda-feira 25 novembro 2024
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“Crônicas e Contos do Escritor” – O celular e o galo às quatro da manhã

Nossa, alguns anos atrás, em uma casa próxima da minha, tinha um galo retardado e o infeliz resolvia “cantar” às quatro da manhã. Oh, meu Deus do céu. Confesso que ficava muito “feliz” com o danado me acordando nesse horário.

Como era de se esperar, não durou muito, logo ele sumiu, creio que deve ter isso parar em alguma panela, o coitado.
Mas, não é só o galo que é chato não, houve um tempo em que acordava por um despertador, daqueles antigos, aquela coisa enorme, horrorosa e barulhenta, que tiquetaqueava (Jesus, essa palavra existe?) o tempo todo em meus ouvidos e quando despertava, acordava a vizinhança inteira. Acho até que era pior que o galo.

O estrondo do toque do desgraçado do despertador gerava uma confusão danada na minha mente sonolenta que, naquelas poucas frações de segundo, imaginava se tratar de alarme de incêndio, tsunami, terremoto, vulcão, furacão, guerra ou sei lá o que, era uma confusão danada até entender o que estava acontecendo. Era apenas aquele objeto asqueroso que berrava nos ouvidos me avisando que chegara o momento de levantar, justamente naquele horário em que a cama parecia estar mais gostosa.

Não sei se a raiva era do barulho do despertador ou por ter que levantar.

Houve uma enorme evolução e aquela “coisa” foi substituída pelos modernos rádios relógio (uau!!!) que, inclusive, dava para ver a hora no escuro (muito interessante). Achava o máximo, adorava o meu e o despertar passou a ser suave, com música, com exceção quando o horário de alarme coincidia com a propaganda na rádio ou com o locutor falando. Aí era susto certo ao acordar com alguém falando do meu lado.

Mas, o tempo e a evolução da tecnologia não param, e os saudosos rádios relógio foram substituídos por esse aparelhinho multifuncional e revolucionário chamado celular e, com ele, podemos até escolher com qual música despertar, danado de bom esse aparelhinho que, de quebra, mandou embora também o relógio de pulso, as calculadoras de operações simples, blocos de nota e até lanterna. Tem cronômetro, previsão do tempo e Apps dos mais diversos.

Agenda e folhinha de calendário para quê? Tem no celular.

Ah, e tem mais coisas que o aparelhinho de bolso mandou embora, as câmaras fotográficas e aparelhos de vídeo. Você tira quantas fotos quiser e depois descarrega no computador. Simples assim e nada de comprar filmes de 12, 24 ou 36. Ah, e agora nem precisa revelar, mas era tão gostosa a expectativa…

Vou ser sincero, sinto falta dos álbuns de foto, era mais gostoso de olhar.

Me diz, quem é que olha as fotos no computador?

Tinha álbum dos mais diversos, do aniversário, do natal, do casamento, festas diversas, encontro de amigos, da viagem, na praia e, principalmente, das crianças.
Mas, a tecnologia nos trouxe o celular e o danado do aparelhinho, infelizmente, ajudou a dispensar revistas e jornais impressos, ah que pena. O celular se tornou central de notícias, conversas, fofocas, paqueras, romances e assuntos dos mais diversos.

Tem tudo à mão, e-mail, redes sociais e aplicativo do banco. Dá pra ver saldo, extrato, fazer transferências, pagar contas, enfim, o aparelhinho de bolso mudou nossa vida.
Mas uma coisa é certa, seja com o galo retardado, com o despertador escandaloso, com o rádio relógio ou o celular, não importa…se tiver que acordar às quatro da manhã, vai ser ruim de qualquer jeito.

E nem precisa ser às quatro da manhã, quando o celular toca a primeira coisa que penso é que despertou antes do que devia.

Não ê possível, penso. Acabei de deitar.
Então…, né?