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segunda-feira 25 novembro 2024
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“Crônicas e Contos do Escritor” – O Brasil dos meus sonhos

Aqueles sonhos de olhos fechados, dormindo, no auge da fase REM, são coisas estranhas, né?
Os, de olhos abertos, são mais fáceis de entender, de explicar…são, quase sempre, grandes desejos, devaneios loucos, viagens desejadas ou esperanças.

Mas, os de olhos fechados…ah, esses são complicados, na maioria das vezes inexplicáveis, incompreensíveis, misteriosos, certo? Talvez…

Veja o sonho que tive noites atrás, será que dá para entender?

Depois de um dia intenso, muito serviço, pilates e caminhada, estava no limite, exausto. E, como de costume, foi só deitar e logo já estava dormindo e lá vem aquela coisa doida. Sonhei que estava voando, brisa suave, céu azul com poucas nuvens que, de tão brancas, pareciam novelos de algodão. Eu sorria feliz, vi belas serras, matas, muitos animais, muita natureza, passei por paisagens lindas, sem lixo, não havia desmatamentos e os rios eram caudalosos, cheios de peixes e sem poluição. Era bonito e prazeroso observar o movimento das águas passando pelas pedras e produzindo um som suave e que transmitia paz.

Segui em frente e no meio da loucura daquele sonho, me vi aproximando de uma grande cidade, belos prédios e sem pichações, casas bonitas, praças lindas e bem cuidadas, cheias de monumentos maravilhosos sem qualquer depredação. Vi grandes e belas avenidas sem congestionamentos e sem stress, não havia buzinas, gritos, impropérios, brigas…nada, todos seguiam seu caminho de forma calma, ordeira e civilizada. Não havia necessidade de radares ou fiscalizações, todos respeitavam as leis de trânsito, os semáforos, as preferências. Nenhum veículo, motos ou carros, ultrapassava pelo lado errado, não havia conversões impróprias, ninguém se considerava dono das ruas. Não havia motoristas bêbados ao volante e nem ouvindo som em volume impróprio. Ninguém incomodava ninguém.

E de tão impressionado, me perguntei. — Mas, que lugar é esse? Que País é esse?
Observei placas e outdoors e constatei que estavam em português e gritei feliz.
— Meu Deus! É o Brasil! Finalmente o povo evoluiu, finalmente somos civilizados.
Extasiado com aquilo, desci até o solo para confirmar o que via lá do alto. Imaginei que fosse engano…mas, não era. Incrível, constatei que tudo era verdade, pelo menos, no sonho. Aquele novo Brasil era verdadeiro, tinha evoluído e muito e naquele meu sonho maravilhoso, descobri que ninguém jogava lixo nas ruas, descobri que as pessoas se respeitavam, que não havia violência e que os raros bandidos que ali viviam, permaneciam realmente presos, afinal, não faziam jus ao direito do convívio com a sociedade, certo? Imagino que isso é o correto.

Descobri que naquele utópico Brasil não faltava hospitais, já pensou? Que sonho maravilhoso.

Havia médicos suficientes para todos e satisfeitos com seus salários e condições de trabalho. Havia enfermeiros respeitados, com cargas horárias de trabalho adequadas e salários condizentes com a importância de sua profissão.

Nos hospitais do Brasil dos sonhos, não havia pacientes em corredores ou macas improvisadas. Havia respeito e dignidade.

Para meu deleite, descobri que se investia na educação, professores valorizados, respeitados, com salários decentes e cargas horárias adequadas.

Naquele Brasil inexistente, as escolas eram bonitas, bem cuidadas, bem aparelhadas e as crianças tinham acesso e gostavam tanto, que não se via alunos fora das salas.

E, acredite, naquele meu sonho maluco, descobri que os políticos trabalhavam para o povo e não para interesses próprios, não se conhecia as palavras corrupção, superfaturamento, tráficos de influência e etc… Difícil acreditar, né?

E o mais incrível no Brasil dos meus sonhos…havia Justiça, cidadão era respeitado, valorizado, tinha direitos e obrigações.

E, bandido tratado como bandido. E a justiça cuidava da…justiça. Apenas isso, simples assim.
Mas, despertei do meu sonho e, entristecido, percebi que tudo fora só um sonho.

Ah, que pena. Aquele Brasil, só existia nos meus sonhos mais loucos.