Já tinha escrito minha coluna quando me deparei com a triste notícia da passagem de uma das grandes (talvez a maior) do rock brasileiro, e porque não dizer do mundo. Chateado, entristecido, por essa perda do rock brasileiro, tive que mudar o tema, é claro. Fui e sou fã incondicional de Rita Lee.
Damos adeus a mais um ícone da música brasileira, perda imensa para o rock brasileiro.
Rita Lee, a rainha, a lenda, a maravilha, o espetáculo. Polêmica, divertida, talentosa, sincera, se preocupava apenas em ser o que era e não o que esperavam dela.
Talvez possamos dizer que a história da mulher brasileira pode ser dividida no antes e depois de Rita Lee. Avessa a qualquer tipo de militância, ela simplesmente mudou o mundo feminino, o conceito de mulher. Para ela, a mulher jamais deveria pedir autorização para chegar onde ela quer. O mundo é livre para os homens e, claro, para as mulheres também. Não tinha medo de ser rejeitada, não aceitava isso. Ela não conhecia e nem aceitava o impossível.
Rita ironizou a música popular brasileira com “Arrombou a festa (1977)” e foi gravemente atacada pelo cantor Mauro Celso, já falecido, que gravou uma música, “Macacos Coloridos”, cuja letra é claramente um ataque à Rita Lee. E ainda a chamou de “Velha Coroca”, quando ela tinha apenas 29 anos.
Quando foi presa pela ditadura, foi ajudada por ninguém menos que Elis Regina, ícone da MPB. Aliás, as duas se tornaram grandes amigas e comadres. Outra que a ajudou foi Hebe Camargo que lhe estendeu a mão em um momento difícil de sua vida, quando teve problemas com o alcoolismo, e, inclusive, foi em Rita Lee o primeiro selinho que Hebe Camargo deu (ou recebeu) na TV, inaugurando o que se tornaria uma marca sua.
Cresci ouvindo Rita Lee, suas músicas fizeram parte da minha infância, adolescência, juventude e também da minha vida adulta.
Me emocionei, me diverti, me empolguei, me apaixonei, me extasiei com tantos sucessos como “Ovelha Negra (1975), Agora só falta você (1975), Esse tal de rock Enrow (1975), Arrombou a festa (1977), Jardins da Babilônia (1978), Mania de você (1979), Doce vampiro (1979)” que é, para mim, uma música tão inesquecível, tão significativa. E continuando…, “Chega mais (1979), Lança perfume (1980), Caso sério (1980), Baila comigo (1980), Nem luxo, nem lixo (1980), Banho de espuma (1981), Desculpe o Auê (1983)” e tantas e tantas outras.
E assim perdemos mais um grande talento, é mais uma vida que se perde para essa doença cruel e maldita chamada câncer.
Fico imaginando se o dinheiro gasto, desperdiçado, pela Rússia e pela Ucrânia, e por tantos outros países envolvidos em guerras estúpidas, fosse usado para pesquisas contra o câncer, quanta coisa boa não poderia ser desenvolvida. Quem sabe um efetivo e menos agressivo medicamento que, muitas vezes, é quase tão agressivo e devastador quanto a própria doença. Quem sabe até uma vacina realmente eficaz que pudesse fazer sumir de vez essa doença que tantas vidas ceifa no Brasil e no mundo.
Que tal usar dinheiro de armamentos, munições, tanques, mísseis, para coisas de real interesse da humanidade? Não seria muito mais útil? Sim, seria. O problema é que o ser humano ainda não evoluiu o suficiente. Enquanto se preocupar em brigar contra si mesmo, é sinal de que ainda tem muito para evoluir.
Já pensou se a grana desperdiçada pelo Brasil, jogada fora, em Cuba, Venezuela e Moçambique (só para citar alguns) fosse usada para pesquisa, prevenção e tratamento do câncer no Brasil? Quantos Brasileiros não teriam sido salvos ou, pelo menos, melhorado suas qualidades de vida?
Não sei valores exatos, mas segundo informações que constam no G1, esses países (só eles) devem mais de 2 bilhões de Reais para o BNDES. Você não leu errado e nem eu escrevi errado, é isso mesmo, mais de 2 Bilhões de Reais…
Imagine essa grana toda utilizada para pesquisas de combate ao câncer?
Imagine se a grana da corrupção fosse direcionada para pesquisas contra o câncer?
Imagine, mas só imagine, porque falar ou agir pode te levar preso.