Search
quinta-feira 28 novembro 2024
  • :
  • :

“Crônicas e Contos do Escritor” – Nunca

Alguns dias atrás, terminei de ler o livro “Nunca”, do espetacular autor Ken Follet. Nesse livro, Follet, de forma fantástica, e muito bem engendrada, mostra as decisões equivocadas dos presidentes dos Estados Unidos, China, e das duas Coreias, que podem levar à terceira guerra mundial ou, mais precisamente, à uma guerra nuclear.

A grande preocupação sempre esteve nas tensões entre Estados Unidos e Rússia, porém, no livro de Follet, o perigo vem da difícil relação entre Estados Unidos e China e na guerra, que tecnicamente nunca acabou, entre as Coreias.
Estados Unidos corre ajudar a Coreia do Sul, enquanto que a China não hesita em salvar seu parceiro, a Coreia do Norte.

Nesse romance incrível (e imperdível), Follet nos mostra o quanto vivemos em um tênue fio. A guerra nuclear está muito mais perto do que imaginamos e qualquer passo em falso de alguma das super potencias, vai deflagrar uma reação do outro lado, que vai gerar resposta da primeira que errou e que vai gerar nova contraofensiva e daí para o uso das armas nucleares é um passo.

E a gente se pergunta por que? Para quê? Quem ganha? Ninguém ganha, todos perdem.
No livro, tudo o que a presidente americana mais quer é NUNCA ter que apertar os botões.
E ela tem motivos para isso, tem consciência que uma vez que o primeiro míssil seja disparado, não há mais volta.
Certa vez o cientista Albert Einstein disse:

“Não sei se haverá uma terceira guerra mundial, mas se houver, certamente a quarta será a pauladas”.
Triste, desolador, preocupante e muito correto.

As super potencias tem mísseis, carregados de ogivas nucleares, apontados um para o outro. São milhares deles, milhares de ogivas nucleares muito mais potentes do que as que devastaram Hiroxima e Nagasaki na segunda guerra mundial. Se os países se atacam mutuamente com essas armas nucleares, destrói a todos. Quem vai sobreviver? Ninguém.

Muitos morrem no terrível calor provocado pela explosão, muitos outros pelo violento deslocamento de ar, outras dezenas de milhares vão morrer na queda de prédios e construções diversas e outros tantos vão morrer nos dias, semanas, meses e anos seguintes pelo câncer provocado pela radioatividade.
E para que tanta violência? Para que tanta desunião?
Daqui a pouco, nenhum de nós estará aqui. Daqui a cem anos, desconhecidos vão morar em nossas casas. Nossas coisas, que tanto prezamos, amamos, serão jogadas fora. Seremos, com sorte, lembranças. Talvez, escondida no fundo de alguma gaveta, haja uma fotografia nossa. Talvez no quarto de bagunças, naquela caixa de coisas para jogar fora.

Daqui a cem anos seremos pó. Todos os atuais presidentes das superpotencias, e de todos os outros países, serão pó, então, para que isso? Para que matar gente? Para que causar sofrimentos, dores, tristezas, perdas? Para que destruir o mundo?
Difícil entender, mas fácil de explicar.

Tudo começa no cidadão comum, é a mesquinhez do ser humano, o egoísmo, a violência latente nos corações de cada um. A bandidagem, o tráfico de drogas, tráfico de armas, de seres humanos, a briga idiota no trânsito que faz algum louco puxar uma arma e atirar contra alguém que não conhece, não sabe o nome, não sabe sua história, nunca viu. E esquece que esse alguém tem família. Esquece que vai levar tristeza e dor para muitos.

A violência está em todos os cantos, em todas as esquinas, nos bares, nas noites e por aí vai.
Então, como podemos querer que presidentes e generais não sejam violentos se cresceram ouvindo falar em violência gratuita. Banalizou-se o errado. Banalizou-se a violência.
E assim seguimos em meio ao caos urbano e em meio ao medo de algum deslize de algum presidente de alguma superpotência.

Para nós, resta esperar que os botões nunca sejam apertados.