Então, algumas pessoas comentaram comigo sobre a coluna que escrevi na semana passada, “A saga do Zé Biruta”. Alguns me disseram conhecer alguns “Zé birutas” (será que é assim o plural do Zé biruta?), e é só andar pelas ruas para perceber que é muito fácil encontrar esse personagem por aí.
E, além do risco à nossa integridade física que esses idiotas representam, o pior é saber que isso é muito comum e ninguém parece se incomodar.
E como se fosse um modismo que não passa, não acaba, o errado, cada dia mais, vai se tornando comum, aceitável. Fazer o que, né?
O povo é assim mesmo, irresponsável no trânsito. Dar seta? Para quê? O cara que vem atrás que se vire, não é problema meu. Vou frear e virar. Sinalizar para quê? E, aliás, onde é mesmo que eu aciono a seta? Nós temos que aceitar, acostumar, conviver, né?
Talvez, esse nosso posicionamento seja o mais preocupante de tudo. Como escrevi algumas colunas atrás sobre como nos acostumamos, aos poucos, com tudo.
A educação é uma porcaria! Então, não adianta reclamar, é assim mesmo. Fazer o que, né?
A saúde pública é precária! Pois, é. Mas, vamos aceitando, convivendo.
Grande parte dos políticos (a maioria?) rouba. Ah, mas é assim mesmo. Faz parte da nossa cultura, no Brasil é assim mesmo. Aqui rola de tudo, caixas dois, dinheiros na cueca, na mala de mão, na mala do carro, no apartamento e sabe Deus onde mais e fazer o quê? Não há nada para fazer, só se acostumar. Aqui rola mensalão, rola Renangate, escândalo do Palocci, impeachment de presidentA (ai meu Deus, assaltaram a gramática, o português, o alemão e o Argentino). Temos sanguessugas, escândalo da Caixa, escândalo do BNDEs, da Petrobrás, do Banespa, dos Portos, da loteria, da farmácia da esquina e do boteco do seu Zé. E rola muito mais sacanagem com o dinheiro público. Só listei algumas poucas porque se fosse listar tudo, precisaria de umas duzentas páginas de A-4.
E, olha, imagino que tudo o que sabemos é apenas a ponta do iceberg. Mas, tudo bem se convive com tudo, aliás, se convive até com a saidinha de bandidos.
Que vá assaltar, estuprar e matar lá fora e dar um pouco de sossego aqui dentro, então vamos para as saidinhas. Afinal, faz parte da ressocialização, certo?
Fácil dizer isso, né? O problema é falar para os parentes das vítimas de bandidos que deveriam (e mereciam) estar isolados do convívio com a sociedade.
Mas, enfim, convivemos. Ah, relaxa. Você acostuma.
Acostuma com tudo, com a violência urbana, com a violência no trânsito. Acostuma com os moleques que deveriam estar trabalhando e estudando e lá estão, andando de bicicletas, se fingindo de inocentes (mas todo mundo sabe o que são) e vendendo drogas na frente de crianças, ao meio dia em qualquer avenida, em qualquer praça, na frente de qualquer escola, mas espera aí? Só vendem porque tem quem compra, certo? Hummm…
Ah, mas é só uma macoquinha…depois é só uma cocainazinha, é só um crackzinho…é… é triste… nos acostumamos com tudo.
Nos acostumamos com os moleques que roubam celular. Ah, mas é só para tomar uma cervejinha…ah, sim. Me desculpe.
Onde eu estava com a cabeça em querer punição para “crianças” que roubam celular, né?
Mas, olha, você tem que entregar seu celular, viu? Se não fizer isso, vai encontrar uma bala perdida que veio certeira para a sua cabeça. Oh, mira boa dessa bala perdida.
Aliás, um pouco acima, falei sobre a ressocialização de bandidos. Alguém pode me explicar como se ressocializa estuprador? Calma, foi só uma pergunta.
Sabe aquela história do anestesista estuprador? Como se ressocializa um pária como aquele?
E dá para entender nossa justiça? Nossas leis? Em seis ou sete anos, oito no máximo, aquele ser pode estar livre durante o dia, graças a maravilhosa progressão de pena? Consegue imaginar essa coisa andando próximo de sua filha, irmã, esposa, mãe???
Ah, mas dá para entender. Em se tratando de Brasil tudo é possível. Já tivemos até juiz querendo impedir o uso das bandeiras verde e amarela. É crime eleitoral. Pode isso???????