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segunda-feira 25 novembro 2024
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“Crônicas e Contos do Escritor” – Minha querida mamãe, que saudades!

Como para qualquer outro bebê, o colo da minha mãe era meu porto seguro. O cheiro dela era sinal para aplacar a fome. Abençoado leite materno.
O bebê cresceu, a mamãe preparava a mamadeira, as papinhas (nada industrializado na época), trocava e lavava as fraldas de pano. Dá para imaginar? Todo mundo sabe a beleza que é cocô de criança, fedido pra caramba. Creio que o meu não era diferente, mas a mãe…ah, a mãe, esse anjo que Deus coloca na terra pra cuidar da gente, não se preocupava com isso. Como conseguia? Minha mãe era fantástica, doce, dedicada, linda, especial, enfim, era tudo.
Fui crescendo e a mãe ensinando, incentivando, a engatinhar, falar, comer, andar e por aí vai.
Ah, pegava no pé para estudar, oh meu Deus do céu e pensava comigo:
“Será que ela não entende que jogar bola ou empinar pipas é muito melhor? Tinha que vir com essa ideia de estudar? Ah, faça-me o favor”. Pois é, pois é, mãe é sabedoria pura.
Me lembro que, ainda criança, era acordado com o doce carinho de minha mãe, cuja mão delicada deslizava suavemente pelo meu rosto. Em seguida, eu recebia o mais delicioso, verdadeiro e sincero beijo, aquele que só uma mãe carinhosa sabe dar.
Hummm…acordava tranquilo, feliz e me sentindo seguro. Oh, saudades meu Deus!
Saudades do beijo e muitas, muitas, muitas saudades da minha mãe.
Tudo parecia eterno, mas não era e, neste ano, despertei para a dura realidade. Em algum momento temos que nos despedir, sabemos disso, mas dói demais quando essa hora chega.
As conversas, as broncas, os carinhos, afagos, conselhos, exemplos, as brincadeiras, as comidas, o fantástico bolo de milho, a paçoca moída no pilão, a farofa no natal e tantas e tantas outras coisas, simples e maravilhosas, ficaram para trás e não voltam mais.
Aquele sorriso, aquela simpatia, aquele jeitinho mãezona, fazem falta, muita falta.
Mamãe se foi, sem um até logo, sem explicações, sem um sorriso, apenas se foi.
Ficaram as lembranças, muitas lembranças…
Uma que me lembro, quando eu era criança, é que havia um enorme quintal na minha casa simples (mas cheia de amor) e lá havia uma tábua colocada sobre duas latas (não faço a menor ideia do que eram essas latas), as duas extremidades da tábua ultrapassavam, perigosamente, as latas. Eu estava sentado em uma ponta e mamãe em outra. O combinado era levantar junto para nenhum dos dois cair. Eu levantei sem avisar, minha mãe caiu e quebrou o pulso.
Ai, que dor na consciência.
Sempre fui um “grude” com minha mãe. Levantava a hora em que ela levantava e, à noite, dormia no sofá, abraçado a ela, só para que me levasse para cama e me desse um beijo de boa noite.
Ela sempre foi minha referência, meu porto seguro, era sinônimo de ajuda, de atenção, de amor, carinho. Sempre foi meu tudo.
Sempre esteve presente na minha vida. Nas formaturas, vestibular, conquista da habilitação, dispensa do serviço militar, no primeiro emprego, nas vitórias e nas derrotas. Não importava o que fosse, importante ou não, lá estava ela para me abraçar, enxugar minhas lágrimas, me apoiar, comemorar, me consolar, incentivar ou, simplesmente, me ouvir e quando nasceu meu filho, lá estava ela para nos ajudar e dar o primeiro banho no garoto.
Ah, mamãe, que falta você faz.
E, dias atrás, meu querido pai, com 95 anos, fez um comentário engraçado:
“É filho, sua mãe tinha razão…você é um bom filho.”
Não contive um sorriso e sei lá…uma certa satisfação. Só me preocupou o tempo que levou para ele descobrir isso…ha ha ha ha.
E nesse dia das mães, o primeiro sem ela, tudo o que eu queria era abraça-la, desejar um feliz dia das mães e dizer, mais uma vez, o quanto a amo.
Para aqueles que tem essa oportunidade, não desperdicem.