Procuro sempre tirar lições das coisas que me acontecem. Sejam elas boas, ruins ou muito ruins. Agradeço por elas, claro, são oportunidades que Deus me dá para melhorar, crescer, evoluir e depois tento analisar e ver o que posso aproveitar da situação.
O começo desse ano foi muito difícil pra mim, com certeza o pior de minha vida, perdas irreparáveis, como a da minha mãe, e a covid que me assustou e me destruiu física e emocionalmente. Porém, com muita fé, fui abençoado e consegui superar essa doença tão terrível que tem ceifado tantas vidas no Brasil e em volta de todo o mundo.
E, como sempre, estou tirando lições e uma das mais importantes é que a vida é muito curta e mantida por um tênue fio. Ah, mas isso é lógico, todo mundo já sabe. É verdade, todo mundo já sabe, porém, poucos realmente entendem o verdadeiro significado disso e, na maior parte das vezes, a gente só vai entender quando se vê em uma corda bamba com a nítida e assustadora certeza que sua vida corre um sério risco.
Assim que me vi livre desse vírus tão terrível, a preocupação passou a ser com as sequelas que o desgraçado poderia ter deixado em mim. Pra começar uma fraqueza enorme na musculatura e minhas pernas tinham dificuldade até de me sustentar. Subir um degrau ou em uma cadeira? Nem pensar, tarefa praticamente impossível.
Ainda tinha o cansaço excessivo, respiração ofegante por qualquer excesso por pequeno que fosse. Tudo parecia ser um caos, mas era hora de ir buscar as reservas mais fundas de fé e energia, respirar fundo, levantar a cabeça e seguir em frente. E, mais do que nunca, fazer valer a velha frase “Não desistir jamais”.
Foi difícil, mas com determinação e fé, iniciei o processo de recuperação e queria, mais do que nunca, passar a valorizar o que realmente precisa ser valorizado.
Muitas sessões de fisioterapia cardio respiratória depois, decidi que era hora de mudar o estilo de vida. Era hora de tirar lições e falei para o médico que queria praticar esportes começando com caminhada. Ele sorriu e me incentivou, porém, em função de meu estado ainda debilitado, me disse que deveria começar a caminhar três minutos por dia.
TRÊS MINUTOS??? Quase gritei com o médico e o mandei para aquele lugar, mas estava consciente que precisava me reinventar e me fazer melhor do que antes e comecei as caminhadas gigantes de três minutos orientadas pelo médico.
E, confesso, se achei três minutos muito pouco, logo constatei que, naquele estado, três minutos eram tempo demais. Ficava exausto após as enormes caminhadas de três minutos.
Não desisti e, aos poucos, fui aumentando os tempos de caminhada para cinco minutos, sete, dez, quinze, vinte e quando cheguei aos trinta minutos, fiquei orgulhoso de mim mesmo.
Mas, tinha que retirar lições da covid. Queria mais.
Ah, estava doido para comer um misto quente com ovo, doido para comer um pão de queijo, pão com linguiça, pão com mel (pode isso? gordinho não tem jeito mesmo) e tratei de satisfazer meus desejos simples. Isso é vida, satisfazer pequenos desejos. Para que deixar para depois? Tudo passa rápido e acaba mais rápido ainda. É melhor não deixar para amanhã.
Comecei a andar na praça em frente à casa da minha irmã e, rapidamente, minha caminhada chegou a uma hora diária.
Recomecei a andar de bicicleta, um prazer há muito esquecido. Entrei no pilates e me recuperava a cada dia e até a minha tão antiga dor nas costas simplesmente se tornou coisa do passado. Minhas caminhadas aumentaram e até uma terrível subida ao morro do Cruzeiro eu consegui. Satisfação imensa. E quero mais…, se Deus me permitir.
Procuro fazer coisas que já não fazia mais, detalhes pequenos, coisas simples, prazerosas e saudáveis. Mais bicicleta, mais caminhadas, mais trilhas, mais vento no rosto, mais natureza, mato, terra, mais vida. Estou vivo, graças a Deus.
E a covid me fez perceber que precisava mudar, repaginar, reinventar, melhorar, evoluir.
Precisamos nos preparar, nos melhorar, mas não somente na parte física e nos prazeres físicos, precisamos também evoluir espiritualmente. Agradeço a Deus, estou vivo e bem. Viva a vida.