Queria mergulhar no mais profundo oceano e nadar em suas profundezas, fugir dos males, do egoísmo, da mesquinharia, fugir do ser humano ou, melhor, do deplorável ser humano.
Queria seguir as correntes marítimas, sem destino, sem finais, sem obrigações. Queria deixar meu coração bater livre, alegre e feliz.
Queria deixar a areia do fundo do oceano escorrer pelos meus dedos e brincar com os camarões.
Queria deslizar nas ondas, sentir o gosto salgado da água marítima, mas não sentir o gosto amargo e azedo das decepções e injustiças.
Queria subir à superfície e admirar, sorrindo e me sentindo leve, a tênue linha do encontro de céu e mar. Sem preocupações, sem tristezas, sem sentimentos negativos.
Chega de guerras, de terrorismos, de violências gratuitas, desnecessárias. Chega de tráfico, de corrupção, roubos e acordos escusos.
Chega de tudo.
Queria olhar nos olhos dos tubarões, nadar com os golfinhos e surfar nas costas das grandes baleias. Olhar o nado do Merlin e o sorriso das sardinhas.
Queria poder voar, seguir o vento, a brisa fria ou quente. Subir para lá das nuvens e respirar aliviado. Me sentir livre, sem amarras, sem controles, sem medos. Voar, voar, me sentir cada vez mais livre, mais dono de mim. Voar para longe do egoísmo, para longe do materialismo, da violência, da falta de educação.
Queria conversar com as águias, descobrir sua sabedoria. E, lá do alto, observar o doce planar dos beija-flores.
Para que guerras? Porque um povo quer controlar outro. Porque uma pessoa tem que controlar a outra? Porque não podemos viver nossas vidas?
Quero subir montanhas e gritar lá do alto que estou livre. Quero respirar o ar puro e sorrir feliz.
Oh, se quero.
Quero olhar a imensidão verde. Quero ver cabras e vacas pastando tranquilas, sem se preocupar com o amanhã, com o dinheiro, ou com inimigos escondidos na sombra de sorrisos falsos.
Queria sair caminhando, deixar tudo para trás sem, sequer, dar um último olhar. Caminhar, caminhar, o horizonte é meu, o futuro é meu, o destino a Deus pertence. Quero andar, sem dar explicações, sem me preocupar com justificativas. Sou eu, sou dono de mim, ninguém me controla, as correntes arrebentaram, estou solto, livre. Eu sou…, simplesmente eu.
Queria não me preocupar com a sociedade, não me preocupar com o certo, não me preocupar com ninguém, ser eu mesmo.
Você, realmente é você?
Você, realmente faz o que acha que deve fazer?
Ou faz o que acredita que deva fazer? Ou faz o que dizem que você deve fazer?
Você é você? Ou um espectro do que queria ser? Será que você é o que outros acham que deve ser ou aquilo que realmente acredita?
Queria voar até o espaço e me esconder entre os planetas. Me imagino em Netuno, Plutão, Mercúrio ou, quem sabe, na face oculta da lua.
Quero andar pelos anéis de Saturno e me aquecer em marte. Quem sabe admirar o mar vermelho do planeta vermelho.
Quero estar longe das bombas que destroem o mundo. Lá se vão egoísmo, materialismo e violência.
Lá se vai o ser humano e, com ele, a maldade do mundo.
Quero ver estrelas, não quero ver maldades. Quero ver o mundo livre das religiões e das guerras em nome de Deus.
E em nome de Deus, o ser humano mata e acaba com o mundo que Deus criou.
Ah, como queria estar longe daqui.