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sábado 11 janeiro 2025
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“Crônicas e Contos do Escritor” – Falta raça, vontade

Dias atrás, estava assistindo um jogo da série A do Brasileirão, jogo horrível, jogadores pareciam desanimados, sem vontade, com preguiça de correr e observei que, dos onze jogadores de um dos times (pra ninguém brigar comigo, não vou falar qual, tá? Mas já adianto que não era o meu Tricolor, ainda bem, mas na verdade, também não fica longe disso não), havia apenas um jogador com chuteira preta. Sim, isso mesmo, apenas um. O restante, com chuteiras coloridas, das mais diversas cores…vermelha, verde, branca, rosa, laranja…
Ah, mas o que muda a cor da chuteira? O “cara” vai jogar mais, ou menos, por causa disso?
Pois é…pois é…sei não…sei não…, mas antes de mais nada quero dizer que não tenho nada com isso, ok? Cada um joga com a chuteira da cor que quer, mas, opinião minha, muito glamour para pouco resultado, raça, vontade, enfim, pouco amor ao clube.

Claro que não podemos generalizar, não são todos os jogadores, mas vamos jogar mais sério?
Era um tal de jogador caindo por nada, reclamando por nada, chorando à toa, jogador correndo pra não chegar, enfim, era visível que faltava vontade e prazer no que fazia.

Me lembrei dos tempos em que comecei a jogar bola no campinho perto de casa; quando não estava descalço, jogava de conga, que escorregava pra ca…ramba. Chão de terra batida, poeirão amarelo invadindo as narinas, boca e orelha e se chovia…era aquela beleza, patinava, escorregava e caía no barrão e a gente gostava, jogava com prazer e era feliz. E, com barro ou poeirão, não faltava entrega e vontade de ganhar. Havia raça.
Veio uma grande evolução, agora tinha o sonhado kichute. Uau! Me achava o máximo. Me achava o Zico e jogava com prazer e amor no que estava fazendo.

E quando coloquei a primeira chuteira de verdade, então? (preta, é claro, só havia chuteiras pretas naquela época). Nossa, um verdadeiro campeão.

Então…jogava com mais prazer ainda, me entregava mais ainda, tinha raça e era feliz.
Naquela época, mesmo os jogadores profissionais jogavam com chuteiras pretas, sempre apertadas, pesadas, inadequadas e, ainda assim, jogavam muito.

Salários baixos, poucas oportunidades, campos onde nem sempre o gramado (quando tinha) era adequado, camisas e calções pesados, e jogavam com vontade, com amor à camisa, com raça, com garra, com amor ao clube.
Agora…grandes salários (não para todos, claro), boas oportunidades e patrocinadores, campos em boas condições, camisas e calções de alta tecnologia, chuteiras adequadas ao pé
de cada um…e cadê o amor à camisa? Cadê a raça? A garra? A entrega?

Como disse, nada contra a cor da chuteira e até acredito que não influi na qualidade do jogador, mas queria ver os jogadores de hoje, com “chuteirinhas coloridas” ou não, com a mesma raça e amor ao clube que os “chuteiras pretas” de antigamente e sem mimimi.

Ser jogador de futebol, profissional, ainda hoje, é o sonho de boa parte, se não da maioria, da garotada, mas boa parcela daqueles poucos que conseguem chegar lá…não dá o devido valor.

Chuteiras perfeitas nos pés, calções e camisas adequadas e de alta tecnologia, treinamentos adequados, preparo físico e psicológico, enorme estrutura para o bem estar do atleta e, no entanto, quando entra em campo, quase sempre em bons gramados, esquecem tudo o que passaram para chegar ali e jogam com preguiça, sem vontade, sem prazer.

E é assim na vida, muito mimimi e pouca raça e vontade de estudar, trabalhar, crescer, se dar bem na vida. Geração fraca, sem fé, se lamentam a toa, se ofendem por nada, simplesmente preocupante.
Vejo pessoas desprovidas de iniciativa e capacidade de reação, sem prazer no que fazem.
E assim vai…a eterna roda da vida e como diz um velho provérbio oriental:
“Homens fortes criam tempos fáceis e tempos fáceis geram homens fracos, mas homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis geram homens fortes”.