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terça-feira 3 dezembro 2024
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“Crônicas e Contos do Escritor” – Falar o quê?

Sabe aquela semana que você deseja demais o sábado e domingo? Aquela semana cheia de provas na faculdade e reuniões complicadas no serviço? Então, ele teve uma semana dessas e, por isso, passou os dias programando o final de semana. Na sexta, sair do escritório ao meio dia e curtir a piscina do condomínio para conhecer a loira do andar de cima, ela costuma ir à piscina nas sextas á tarde. Á noite, sair com a danada ou balada com a galera. No sábado, pescaria sozinho, para relaxar. À noite, sair com a loira de novo ou mais uma balada com a galera. Domingo de manhã, um bom futebol, a tarde descansar e á noite, cinema com a loira.

Tudo perfeito, bem planejado, só esperar o meio dia da sexta e conhecer a bela mulher.
Com o serviço em ordem, foi avisar o chefe que sairia ao meio dia, tinha horas em a ver, mas, para sua surpresa, o chefe pediu para ficar até ás duas da tarde, o Diretor Presidente ia passar pelo escritório e queria todo mundo lá. Bom, fazer o quê? O melhor é aguardar o homem, afinal, o chefe disse que ia ser coisa rápida. No máximo, ás duas e quinze estaria liberado.

Voltou para a mesa, adiantou algumas coisas, foi almoçar e antes das duas estava de volta.

Arrumou a mesa, guardou as coisas e ficou esperando o todo poderoso passar. Bom, seus planos tinham sofrido uma pequena alteração, mas tudo bem. Apenas um pequeno atraso. Duas e meia da tarde e começou a temer que os planos pudessem ser cancelados. Ás três da tarde, o homem chegou, ainda dava tempo de encontrar com a loira. O todo poderoso cumprimentou a todos e para sua indignação, o chefe disse que o danado, para não dizer um palavrão, queria uma reunião rápida. Coisa de trinta minutos. Olhou muito puto para o chefe, mas falar o quê?

Reunião tediosa. Quatro e meia da tarde, cinco horas da tarde. Estava revoltado e agoniado, a sexta à tarde já estava perdida. Cinco e meia da tarde e todos foram liberados, pegou suas coisas e saiu voando. Horário de verão, talvez ela fique até mais tarde na piscina. Mas, para ajudar, um enorme congestionamento pela frente. Chegou ao condomínio ás sete da noite. Estacionou o carro de qualquer jeito e correu para o apartamento. Trocou de roupa e desceu para a piscina, olhou em volta e a viu saindo do vestiário e entrando no elevador. Correu para pegar o mesmo elevador, mas não deu tempo. Bom, pelo menos, ia para a balada encontrar a galera. Sem pressa, e chateado, voltou para o apartamento, tomou banho, comeu alguma coisa, descansou um pouco, se arrumou e as nove e meia da noite desceu para o estacionamento.

Entrou no carro, deu partida e o motor não pegou. Tentou de novo, nada. Tentou mais cento e cinquenta vezes e o desgraçado não pegou. Um vizinho viu e disse. – Não adianta, pelo visto é a bomba de combustível, vai ter que trocar. Lá se foi á noite de sexta! Bom ainda tem a pescaria de amanhã cedo, mas e o carro? Tinha que chamar o mecânico. Lá se foi á pescaria do sábado de manhã. Mas, tudo bem…, ainda tinha a pescaria à tarde. Foi dormir puto da vida.

No dia seguinte ligou para um mecânico, estava viajando. Ligou para outro, que não atendeu.
Ligou para um terceiro que disse que passava no prédio. Demorou demais, o desgraçado chegou, por volta do meio dia, olhou o carro, olhou o motor, tentou ligar e disse que realmente era bomba de gasolina, tinha que trocar, mas para comprar a peça, só na segunda e, mesmo que conseguisse comprar agora, ele não poderia trocar, tinha compromisso. Desesperado, ligou para três outros mecânicos e nenhum atendeu. Desanimado, voltou para o apartamento, lá se fora a pescaria e a tarde de sábado. Á noite, chamou um amigo para sair e pediu carona. Começou a chover e o amigo desistiu. Ligou para mais três amigos e nada. Lá se foi o sábado á noite. A manhã de domingo amanheceu chovendo e choveu o dia inteiro entrando pela noite.

Manhã de segunda, irritadíssimo, ligou para o seguro e guinchou o carro até a oficina. Ficou pronto ao meio dia. Tinha perdido o final de semana e ainda chegaria atrasado ao serviço.
Quase uma da tarde, quando o chefe o viu, foi logo falando.

— Que beleza, hem? Chegando á essa hora? Deve ter aproveitado bem o final de semana, para chegar na segunda neste horário! Falar o quê?