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sexta-feira 24 janeiro 2025
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“Crônicas e Contos do Escritor” – E os ETs chegaram em grande estilo

Em um belo dia de sol e céu azul, eis que desce, majestosa, uma nave do céu.
No melhor estilo disco voador, parecendo dois enormes pratos fundos virados um contra outro, revestidos com o mais polido aço inox, brilhando e refletindo tudo como se fosse o mais límpido espelho e com dezenas de luzinhas coloridas à sua volta. Se fosse a noite o efeito e o frisson seriam melhores ainda.
Eles foram descendo devagarzinho, devagarzinho e pousaram para delírio de quem passava por ali e logo uma multidão se formou à sua volta. Novidade, curiosidade e frisson.
Mas, a polícia chegou dando bronca em todo mundo e querendo proibir os ETs de saírem da nave por causa da quarentena.
O pessoal protestou, mas um dos policiais tirou do bolso um decreto do Governador proibindo o desembarque de alienígenas para proteger a população de contaminação.
Um marronzinho tratou de sacar o bloco e lavrar uma pesada multa contra a nave, por estacionamento em local proibido. Ali não era permitido o estacionamento de naves espaciais.
Enquanto isso, os pobres ETs, sem entender nada, abriram a porta e desceram e para horror da polícia, estavam sem máscara. O policial tirou de outro bolso, o decreto do Governador proibindo todo cidadão não morador desse planeta a circular sem máscara.
Os quatro alienígenas sorriam pra todos, acenavam, curvavam o pescoço em sinal de respeito e estendiam a mão para cumprimentar seus simpatizantes. Um horror, uma heresia, cumprimento de mão? Isso não pode em época de pandemia, eles não sabem disso?
Um dos alienígenas ligou para o planeta deles para avisar que chegaram bem e um advogado chegou correndo com um mandato do STF para apreender o celular do ET.
No meio da confusão, o policial tentava explicar que eles seriam presos, mas os alienígenas não conseguiam ouvir porque, ali perto, um idiota abriu o porta malas do Opalão 73 e ligou o som turbinado e estourado. Os vidros da nave tremiam mais do que quando entraram na atmosfera terrestre e um dos ETs, de imediato, perdeu a audição.
Alguém apareceu, apontando para um dos extraterrestres e dizendo que, finalmente, havia aparecido o dono do tipex…tilex…não…rolex…não…tiranossauro rex…não…sei lá o nome daquele negócio.
Os policiais algemaram os quatro alienígenas e colocaram no velho camburão.
No caminho, um Aedes egypt picou um dos alienígenas e a reação do organismo extraterrestre foi imediata e quando chegou na delegacia já apresentava sintomas de dengue, mas não interessa, foi levado para o hospital e internado. Era mais uma vítima do Covid.
Outro dos alienígenas tomou água poluída na delegacia e teve uma violenta diarreia, mas não interessa, no hospital foi direto pra UTI e entubado, mais uma vítima do Covid.
Sobraram dois ETS, um surdo e o outro, por enquanto, bem.
A discussão era grande, mantinha os ETs presos ou não? Qual acusação? Precisam de provas do envolvimento no tráfico de drogas, então, policiais foram até a nave para encontrar as provas, mas quando chegaram lá a nave havia sumido. Fora roubada e os policiais começaram a investigar e logo encontraram um ferro velho, onde a nave sofreria um “desmanche”.
Ufa! Os policiais chegaram a tempo e, não haviam sinais do tráfico de drogas.
Depois de tanta confusão, os ETs foram soltos, porém, expulsos do planeta por provocar tumulto, desordem e aglomerações e tiveram que levar o dengoso e o diarreico com eles.
Quase chegando na nave, o único ET que estava bem foi atingido por uma bala perdida e carregado para dentro da nave. Alguém já preparava sua internação na UTI. Vítima do Covid.
Mas, eles foram embora rapidinho…eita Planeta estranho essa tal de Terra.