Eu me lembro que nos meus saudosos (e doces) 18 anos, tirei minha habilitação e começava a me achar o máximo, afinal, já era adulto, já podia dirigir e não mais havia censura para qualquer filme. Naquela época não havia celular, não havia computador, notebook, internet e etc…, então “certos filmes” eram tabus e objetos dos desejos da rapaziada e “di maior” poderia assistir, olha só, que chique.
Mas, eu me lembro que ao olhar, todo orgulhoso, para a minha tão desejada “carteira de motorista” um detalhe me chamou a atenção. A renovação da habilitação seria no ano de 2004, naquela época, a primeira renovação ocorria com 40 anos.
Quando olhei aquela data, em pleno ano de 1982, me parecia impossível que aquele ano um dia chegasse, parecia tão longe e, afinal, eu iria fazer quarenta anos. Quarenta!!! Inimaginável para um garoto de 18 anos. Eu tinha a vida pela frente, faculdade, emprego, comprar meu carro, minha casa, casar, ter filhos…e ainda assim não teria 40 anos.
O mundo era meu e no que dependesse de mim eu o mudaria completamente bem antes de chegar aos 40. Pois cheguei, passei (e muito!) e não mudei o mundo.
Eu achava que nunca ficaria velho mas, hoje eu sei, eu estava errado.
Na verdade eu mudei, não o mundo, mas eu mesmo. Ainda não sei se para melhor, mas cheguei à conclusão de que, credo, envelheci e notei isso quando comecei a perceber que tinha algumas manias e isso é coisa de velho, né?
Olha que engraçado algumas coisas que realmente não gosto. Coisas que me irritam, mas que qualquer jovem com certeza acharia hilárias.
Olha que tamanha idiotice essa primeira, detesto ver calçado virado pra baixo, isso é insuportável e não sossego, enquanto não desviro.
Jamais deixo uma toalha do São Paulo (meu time do coração) ou uma camisa do meu time, virada de cabeça para baixo, sem chance.
É, acho que estou ficando velho mesmo…tem coisa mais irritante que aparelho eletrônico que não funciona? Ou quando você vai pegar uma coisa e cai outras cinco? Ou quando você pega um pote no armário e vai procurar a tampa, testa cinquenta delas e não encontra a tampa correta, aí você desiste e pega uma tampa qualquer e vai procurar o pote e, depois de testar cinquenta potes, descobre que não há pote para aquela tampa, haja paciência.
Bom, mas tem umas coisas que me irritam que até acho que não estou errado não, quer ver?
Sabe aquele filho de uma boa mãe que insiste em ouvir música no volume máximo? Será que não percebe que não quero ouvir a música dele? Aliás, nem gosto daquele tipo de música. Se, pelo menos, fosse Rock…Ah, Rock eu gosto…música boa, de qualidade (mas não em volume que incomode os outros). Estilo que marcou uma época e que não vai acabar nunca, afinal, qualidade não acaba e atravessa gerações.
Mas, sabe acho que a idade nos faz perder um pouco da paciência (mas, só um pouquinho), olha outra coisa que não suporto, sabe aquele motociclista que insiste em ficar, no sinal fechado, acelerando a moto atrás de você (ou pior, do seu lado)? Então, isso irrita demais. Sempre me perguntei como ele reagiria se eu estivesse atrás e ficasse acelerando o carro.
E aquele motorista que não dá seta? Você nunca sabe pra onde vai o carro dele e muitas vezes é surpreendido e quase causa um acidente. Custa dar seta?
Olha, quer saber? Tem outra coisa que não gosto, é ver alguém jogando lixo na rua. Meu Deus! Como consegue? Com tanta divulgação, com tanta informação. O que custa procurar uma lixeira pra descartar seu lixo? E se não achar, leva o lixo pra casa e joga no local adequado.
É, então, a idade passa…para todos…e para mim também.
Credo, acho que estou ficando velho.
“Crônicas e Contos do Escritor” – Credo, acho que fiquei velho
jan 16, 2020RedaçãoCrônicas e Contos do EscritorComentários desativados em “Crônicas e Contos do Escritor” – Credo, acho que fiquei velhoLike
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