De forma sensata, o carnaval na nossa querida Taubaté foi cancelado.
E da mesma forma sensata, deveria se impedir as torcidas nos estádios, né? Aliás, podemos ver pela televisão que quase toda a torcida está sem máscara.
E, também de forma sensata, não deveria ser permitido público na fórmula 1, certo? Onde também quase a totalidade do público não usa máscara.
Ou será que o COVID respeita os eventos de futebol e de corridas de carro?
Ah, será que respeita também as grandes aglomerações em festas e bares? Afinal, sempre vemos os bares lotados, festas clandestinas lotadas e algumas nem tão clandestinas assim.
Bom, deve respeitar as praias também, já que nos feriados tivemos a oportunidade de ver grandes aglomerações nas praias. E quem usa máscara na praia? Né?
Ou, porque não lembrar das inacreditáveis aglomerações na nossa bela Campos do Jordão (cidade que por sinal adoro), mostradas até pela televisão. Mas, me diga…e a COVID?
Sou a favor do cancelamento do carnaval, claro. Afinal, estamos lidando com saúde pública e a precaução e o temor de uma terceira ou quarta onda desse vírus terrível é grande.
Mas, o que questiono é a hipocrisia. Muitas pessoas, inclusive conhecidas minhas, defenderam o cancelamento do carnaval, usando a COVID como desculpa, quando na verdade, o motivo é que não gostam da festa, dita pagã. É claro, óbvio, que nem todas. Boa parte delas, defendeu o cancelamento, preocupados com uma nova epidemia, mas tivemos sim muitos casos de pessoas que detestam o carnaval e pediram seu cancelamento alegando estarem “preocupadas” com a epidemia. Pura hipocrisia.
Respeito o direito de não gostar do carnaval, porém, deve ser respeitado o direito de gostar também. Muitas pessoas alegam que o carnaval é violento e muito mais e eu digo que são algumas pessoas que se aproveitam dessa festa, enchem a cara de bebidas ou drogas mais pesadas e saem aprontando, desrespeitando outros e ultrapassando limites.
Muitas das pessoas que pediram o cancelamento do carnaval, nos últimos feriados, levaram toda a família para outra linda cidade perto de nós, Ubatuba, sem se preocupar com a COVID. E, posso dizer isso porque conheço algumas que fizeram isso, se aglomeraram nas praias, se aglomeram em festas e depois, pegam a bandeira da hipocrisia e gritam que é um absurdo ter carnaval em um momento como esse.
Volto a falar, para não deixar dúvidas, que sou a favor do cancelamento do carnaval por medidas de segurança, afinal no carnaval existe sim o risco enorme de uma volta da pandemia e isso já acontecia no ano passado, 2019, quando os casos de COVID começaram somente depois que o carnaval acabou, aliás, tem uma perguntinha que insiste em me incomodar…os casos começaram por causa do carnaval ou se esperou o carnaval acabar para se divulgar os casos?
Oh, pergunta maldosa escritor.
Enfim, a tal da dona hipocrisia…grito a plenos pulmões exigindo que façam isso ou aquilo, mas eu mesmo não faço. Já ouviu falar em “fazendo média”? Termo popular para dizer que alguém só fala, fala e não cumpre o que diz.
Mais ou menos parecido com aqueles que fazem passeatas contra a violência, mas não hesitam em ir comprar o seu fuminho, né? Ah, mas é só uma maconhinha…
Isso mesmo e é essa maconhinha que o hipócrita compra que vai alimentar o tráfico, destruir pessoas e famílias e, por conseguinte, alimentar a violência.
Outro exemplo da hipocrisia? As pessoas reclamam da violência, dos assaltos, dos roubos de carro, mas não hesitam em comprar produtos sem a procedência definida. E aquela peça do carro, então? Ah, para que comprar em um local autorizado, com nota? Vamos aos desmanches ilegais e criminosos comprar peças lá, é muito mais barato.
Oh, santa hipocrisia, ou seria santa ignorância?