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sábado 16 novembro 2024
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“Crônicas e Contos do Escritor” – Acabou o carnaval que não começou

Pois é, o carnaval terminou sem ter começado.
O cancelamento da “festa profana” foi uma decisão necessária e sensata, não só para evitar aglomerações e os riscos de infecção pela Covid, mas também, creio eu, um respeito à tantas pessoas internadas ou que, infelizmente, não resistiram à essa triste doença. Respeito também à seus parentes e amigos.
Decisão mais que correta, deixemos a festa para o ano que vem.
Mas, que foi muito estranho uma semana de carnaval sem o…carnaval, isso foi.
É lógico que muitas pessoas não gostam dessa semana de folia e eu respeito suas opiniões, claro, todos tem suas preferências.
E sabemos também que, infelizmente, ocorrem muitos abusos, o que estraga o brilho da festa. Excesso de álcool, uso de drogas, brigas e violências absurdas, mas tirando esse lado triste, sou um amante do carnaval, amante das marchinhas, dos sambas de enredo e da alegria. Gosto das Escolas de samba, dos blocos desfilando pelas ruas, dos trios elétricos e do desfile dos bonecões de Olinda.
E sinto muita saudade dos antigos bailes e matinês de carnaval. Eram bons demais.
Quando criança, frequentava as matinês de carnaval no antigo e desativado (infelizmente) clube da CTI e até hoje quando passo em frente bate a saudade de uma grande época da minha vida.
Adorava ver as fantasias, as decorações no salão, ouvir as marchinhas, aliás, minha preferida era “Máscara Negra”, era muita alegria no salão. Pulava e dançava (sei lá se posso chamar de dança, acho que era mais bagunça mesmo).
Que gostoso a festa das serpentinas e confetes, a alegria estampada no rosto de todos e tenho na memória os momentos de intervalos, quando saía do salão e sentava ao chão conversando na roda de amigos, de olho naquela menina bonita.
Adorava aquele churrasquinho no palito, ô cheirinho bom, e o picolé de milho verde. Momento máximo.
Alguns minutos lá fora e logo a música recomeçava, criançada para dentro do salão e a festa continuava.
Mas, como nas matinês o carnaval era (e continua sendo) somente domingo, segunda e terça-feira e ai que tristeza o fim da matinê na terça, que significava o fim do carnaval para a criançada, e aí só no ano que vem. Um ano de espera e parecia que nunca chegaria.
Que tempo bom e que saudades.
Já adolescente, frequentava as matinês do clube da Associação, mas queria mesmo era ir aos bailes noturnos, seria o máximo. Não via a hora de completar dezoito anos para curtir os bailes de carnaval e, enfim, chegou esse esperado momento, que orgulho, me sentia adulto, já podia ir aos bailes. Mesmo cansado, esgotado, ficava até o fim, até o sol nascer.
E, para completar meu carnaval, ainda desfilava pela escola de samba da Mocidade Alegre da Vila das Graças. Que delícia. Só quem já desfilou uma vez sabe o prazer que é.
Haja disposição, energia, alegria, empolgação.
Já adulto curtia, da arquibancada, os desfiles na avenida do povo ou os desfiles das grandes escolas de São Paulo e Rio de Janeiro pela televisão mesmo.
E batia uma enorme tristeza na quarta-feira de cinzas. Acabou o carnaval e lá vamos esperar um ano para o retorno da festa popular.
E agora, avenida do povo vazia sem as nossas escolas de samba. Sambódromos de São Paulo e Rio de Janeiro vazios, sem o desfile das grandes escolas, sem os maravilhosos sambas de enredo, sem os grandes carros alegóricos, sem as lindas fantasias, sem a alegria dos foliões, sem palhaços, arlequins e colombinas.
Mas, os verdadeiros foliões sabem esperar e sabem que no ano que vem a festa vai continuar.
Porém, o que importa agora é cuidar da saúde e evitar o contágio dessa triste doença.
A festa pode esperar.