Sou corretor de imóveis de lançamento e na primeira vez que fui em um dos plantões que trabalho, um loteamento aberto, vi uma família de bichinhos muito engraçadinhos que, aliás, nunca tinha visto. A aparência dos bichinhos lembrava pássaros, aves, sei lá. Talvez meio metro de altura, ou um pouco menos, com penas na coloração que lembra um marrom clarinho, um bico enorme e perninhas extremamente finas. Eles chegam perto da gente e viram a carinha para olhar melhor. Fica engraçadinho. Para mim, são muito simpáticos, mas os corretores que estão lá há mais tempo me disseram que se não gostarem de você, chegam perto devagarzinho e, de repente, te atacam gritando e distribuindo bicadas. Ainda não os vi fazerem isso, acho que gostam de mim, chegam perto, ficam olhando e nunca se postaram de forma agressiva. Converso com eles e ficam me olhando como se estivessem me entendendo, é muito legal.
Certo dia, estava do lado de fora do plantão, falando ao celular e, de repente, três deles foram se chegando, chegando, chegando e ficaram a meio metro de mim. Fiquei conversando ao celular por uns quinze minutos e os bichinhos ali, pertinho de mim, curiosos e nada agressivos.
Quando os vi pela primeira vez, perguntei ao pessoal que bicho era aquele, afinal, nunca tinha visto. E a resposta foi surpreendente. “São Siriemas!”. Fiquei surpreso e me lembrei que, quando criança, minha querida mãe cantava para mim, com a voz mais doce do mundo, uma música que falava sobre a Siriema, se não me engano, música do Renato Teixeira, não tenho certeza, e era mais ou menos assim.
“Oh, Siriema do Mato Grosso, teu canto triste me faz lembrar daqueles tempos que eu viajava…tenho saudade do teu cantar. Oh, Siriema do Mato Grosso teu canto triste me faz lembrar daqueles tempos que eu viajava…tenho saudade do teu cantar…Maracaju, Ponta-Porã quero voltar ao meu sertão. Rever os campos que eu conheci. E a Siriema eu quero ouvir…”
É uma pena que não consigo me lembrar do resto, só lembro desse pequeno trechinho…, que pena. Fecho os olhos e pareço ouvir aquela voz doce, que tanta paz me trazia, oh, meu Deus! Oh, mamãe, essa saudade dói no coração e na alma.
Mas, voltando a falar do bichinho, para ter certeza, tirei foto e filmei e mandei para meu filho que é Biólogo (mas, não exerce a profissão) e ele rapidamente me confirmou. É Siriema!
Sempre observo os pernudinhos, meio desengonçados, meio engraçadinhos e talvez até sejam engraçados exatamente por serem desengonçados…KKKKK
E, para surpresa minha e de todos, não é que os bichinhos adoram ficar na sombra do meu carro? Com tantos carros por ali, às vezes quatro ou cinco carros, mas é na sombra do meu que eles gostam de ficar. Simplesmente, adotaram meu carro.
Deve ser energia boa, né? Dizem que os animais se aproximam de pessoas com energia boa, será mesmo? Não sei, só sei que as danadas das Siriemas sempre ficam por perto de mim e ainda usam a sombra do meu carro para se protegerem do sol.
Legal, né?
E o ápice dessa minha relação com as Siriemas veio no dia que uma delas, acho que é um filhote, resolveu subir no teto do carro. E todo mundo disse que nunca tinham visto um daqueles pernudinhos subir em um carro. Fiquei feliz. Escolheram o meu.